O Chipre tem prazo até segunda-feira para dizer de onde vai tirar 5,8 bilhões de euros necessários para complementar a ajuda de 10 bilhões de euros negociada com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para salvar o sistema financeiro do país.
O primeiro acordo previa a cobrança de um imposto único de 9,9% sobre as contas bancárias com mais de 100 mil euros e de 6,75% das contas abaixo disso. Essa medida foi considerada um confisco. Rompeu a promessa feita pela UE no início da crise financeira de que depósitos até 100 mil euros seriam garantidos.
Uma das razões para o confisco foi a pressão da Alemanha e de outros países do Norte da Europa porque o Chipre tem depósitos de 68 bilhões de euros no seu sistema financeiro para um produto interno bruto de 14 bilhões de euros. É uma das praças financeiras mais usada pelas máfias russas para lavar dinheiro.
Na visão da primeira-ministra Angela Merkel, as famílias alemãs não devem salvar as contas bancárias de mafiosos russos. O problema é que a classe média cipriota também foi penalizada, o que provocou protestos, inclusive em outros países europeus porque abriria um sério precedente.
Que garantia teriam as contas bancárias de gregos, portugueses, irlandeses e espanhóis, se fosse possível confiscar parte do dinheiro dos cipriotas?
Sem um acordo, o Banco Central Europeu vai suspender a partir de 25 de março a oferta de euros para garantir a liquidez do sistema financeiro cipriota. Só vai restar ao Chipre, adverte um alto funcionário da UE, fechar seus bancos mais importantes e deixar a Zona do Euro.
Os ministros das Finanças da Eurozona fizeram um apelo ontem ao Chipre para que apresente um novo plano. "Medidas cosméticas não serão suficientes", alertou o ministro alemão, Wolfgang Schäuble.
A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito do Chipre para CCC, apontando o risco de falência do país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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