O presidente do Chipre está fazendo uma reunião de última hora com os ministros de Finanças da União Europeia na busca de uma salvação para o sistema financeiro do país, que acumula dívidas de 18 bilhões de euros, acima do produto interno bruto, de cerca de 14 bilhões de euros.
Como o Chipre tem apenas 1 milhão de habitantes e seu sistema financeiro tem 68 bilhões de euros, alguns países da Europa, especialmente a Alemanha, exigem uma ampla reforma. O país é uma das praças financeiras favoritas dos russos, que têm cerca de 31 bilhões nos bancos cipriotas.
Em ano eleitoral na Alemanha, o contribuinte alemão não quer usar sua poupança para salvar os negócios ilícitos das máfias russas. Por isso, a UE e o Fundo Monetário Internacional exigem que o Chipre levante 5,8 bilhões de euros para receber uma ajuda de emergência de 10 bilhões.
Na primeira tentativa, o acordo previa a cobrança de um imposto único de 9,9% sobre contas bancárias com mais de 100 mil euros e de 6,75% abaixo disso. Esse confisco inesperado foi o problema.
Desde o início da crise, a UE prometia garantir os depósitos populares até 100 mil euros. De repente, voltava atrás causando uma onda de incerteza capaz de assustar depositantes de outros países em crise como Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha.
O acordo foi rejeitado nas ruas e no Parlamento do Chipre. A luta agora é para fechar um acordo alternativo ainda hoje. Sem acordo, a partir de amanhã, o Banco Central Europeu para de dar as garantias necessárias para o sistema financeiro cipriota continuar operando.
Caso contrário, o Chipre vai quebrar e será forçado a deixar a união monetária europeia, abrindo um perigoso precedente depois do esforço extraordinário para evitar a saída da Grécia da Zona do Euro. O Chipre tem uma economia muito menor, de 0,2% do total da UE, mas a credibilidade do euro se assenta sob a convicção de que a moeda comum europeia veio para ficar.
"Será uma longa noite", previu um ministro de Finanças da UE.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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