Com o aval do Tribunal Supremo de Justiça, o vice-presidente Nicolás Maduro assumiu interinamente a Presidência da Venezuela e prometeu realizar uma nova eleição presidencial em 30 dias. Na prática, ele governava o país desde dezembro, quando o falecido presidente Hugo Chávez foi para Cuba se submeter a quarta cirurgia do tratamento contra o câncer.
Alguns deputados da oposição alegaram que o sucessor imediato deveria ser o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, visto como rival de Maduro na disputa pela liderança da revolução bolivarista. Quem fez o anúncio foi o ministro do Exterior e ex-vice-presidente Elías Jaua, outro possível sucessor em longo prazo.
O governo decretou luto nacional por sete dias e suspendeu as aulas nesta semana. A presidente Dilma Rousseff vai a Caracas para o funeral.
Em nome da Mesa da Unidade Democrática (MUD), a aliança oposicionista, o candidato derrotado na eleição presidencial de 7 de outubro de 2012, Henrique Capriles, expressou condolências e declarou que "o momento é de paz, união e diálogo nacional".
Nas ruas de Caracas, as cenas eram de devoção e desespero com a morte do líder carismático que arrebatou as massas populares como nunca antes na História da Venezuela. Aos gritos de "Com Chávez e Maduro, o povo está seguro" e "Chávez vive e a luta segue", a multidão reunida na Praça Bolívar e diante do Palácio Miraflores jurou defender a revolução.
Com seu personalismo caudilhista, Chávez construiu a revolução, a Constituição, o sistema político e a máquina do Estado à sua imagem e semelhança. Sem o comandante, a unidade e a coerência de seu Partido Socialista Unido da Venezuela e de seu Movimento Bolivarista Revolucionário serão testados na prática.
O verdadeiro líder é aquele que cria estruturas que florescem na sua ausência. Ao passar à História, Chávez começa a ser julgado por ela.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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