A milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante está concentrando esforços para assumir o controle de uma estrada estratégica da Síria. A manobra pode deflagrar a fuga de milhões de refugiados de áreas controladas pela ditadura de Bachar Assad.
Os jihadistas do Estado Islâmico estão a cerca de 35 da rodovia M5, descrita pelo jornal britânico The Independent on Sunday como a "espinha dorsal do regime de Assad". Se as forças do EI tiverem sucesso, milhões de pessoas podem querem fugir do país, engrossando a massa de refugiados em busca de asilo político na União Europeia.
Depois de quatro anos e meio de guerra, a situação da ditadura de Bachar Assad é cada vez mais instável. Em março, a Frente al-Nusra, braço da rede terrorista Al Caeda, e outros grupos extremistas muçulmanos conquistaram Idlibe, no Noroeste da Síria.
O Estado Islâmico tomou em maio a cidade histórica de Palmira, onde destruiu vários templos. Em 6 de agosto, tomou a cidade majoritariamente cristã de Kariatain. Desde então, o EI tomou duas cidades próximas da M5, enquanto fracassaram os esforços do Exército para retomar Kariatain.
Mais da metade dos 17 milhões de sírios está em fuga dentro e fora do país, reportou Patrick Cockburn, autor de A Origem do Estado Islâmico - o fracasso da guerra ao terror e a ascensão jihadista.
Com o avanço do EU, aumenta o risco para os 2,6 milhões de alauítas, a seita heterodoxa xiita que domina a política da Síria desde os anos 1960s, os 2,2 milhões de curdos, os 2 milhões de cristãos e cerca de 650 mil drusos, além dos árabes sunitas aliados do Egito.
Se estas minorias fugirem em massa, o número de refugiados no exterior, hoje de cerca de 4,5 milhões, pode dobrar rapidamente. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados declarou que a Síria "se tornou a maior fonte de refugiados do mundo, posição ocupada pelo Afeganistão durante três décadas."
A atual crise migratória é a chegada da guerra civil da Síria à Europa, observa a Rede Integrada de Informações Regionais, um serviço de notícias do Gabinete da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários.
Como a Rússia tem na Síria sua única base naval no Mar Mediterrâneo, se nega a aceitar a exigência da Europa e dos Estados Unidos de que Assad seja afastado do poder. O atual regime faria parte da solução, mas não o ditador, responsável maior pela guerra civil.
O governo Vladimir Putin está enviado mais armas e equipamentos, e não descarta o envio de soldados à Síria. A República Islâmica do Irã também sustenta Assad com armas e milícias xiitas, especialmente o grupo radical libanês Hesbolá (Partido de Deus).
Nos últimos dias, chocado com a chegada do cadáver do menino Aylan al-Kurdi numa praia do Mar Egeu, na Grécia, o mundo se perguntou quem o matou. Os responsáveis são a guerra civil na Síria, o ditador Bachar Assad e a omissão da sociedade internacional, incapaz de conter a maior tragédia humanitária em andamento.
Enquanto não acabar a guerra civil na Síria, os refugiados vão chegar a Europa. Vivos ou mortos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Crise dos refugiados tende a se agravar
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2 comentários:
Enquanto isso o Putin continua enviando navios carregados de armas para o Assad! Céus, as armas russas vão acabar nas mãos do ES!
Lembra que desde o ano passado eu dizia que era um replay das vésperas da IIa Guerra Mundial? Pois é, continuo achando que é bem possível (cada vez mais) que vejamos a IIIa Guerra Mundial.
A Rússia quer sustentar Assad a qualquer preço porque tem na Síria sua única base naval no Mar Mediterrâneo. Até agora, resiste à exigência da Europa e dos EUA de uma solução política que exclua Assad.
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