quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Colômbia e FARC prometem paz definitiva em seis meses

O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) divulgaram hoje comunicado conjunto em Havana anunciando um acordo provisório para pôr fim a 50 anos de guerra civil e prometeram a paz definitiva em seis meses. Se houver acordo, os guerrilheiros devem entregar as armas em 60 dias.

As negociações de paz iniciadas em 2012 estavam num impasse em torno do julgamento dos acusados de cometer crimes. Hoje o presidente Juan Manuel Santos foi pessoalmente a Cuba para fechar um acordo que prevê a criação de um tribunal especial de paz com duas câmaras, uma para os que aceitarem se submeter à Justiça e outra para investigar os demais casos.

Um triplo aperto de mãos entre o presidente da Colômbia, o líder das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri, de nome de guerra Timochenko, e o ditador de Cuba, Raúl Castro, selou o acordo de hoje. "Este é o caminho para uma paz sem impunidade", como exige a sociedade colombiana, declarou Santos.

Desde o assassinato do candidato liberal à Presidência Jorge Eliécer Gaitán, em 9 de abril de 1948, que deflagrou o Bogotazo, com a morte de 2 mil pessoas num dia na capital da Colômbia, e um período conhecido como La Violencia, o total de mortos na guerra civil colombiana passa de 500 mil.

As FARC, braço armado do Partido Comunista Colombiano, nasceram quando a esquerda estava na clandestinidade por causa de La Violencia. Lutavam desde 1964 para impor uma ditadura marxista-leninista num país oligárquico, com grande concentração da riqueza e da propriedade da terra. Outros grupos de esquerda, paramilitares de direita e cartéis do tráfico de drogas também participaram do conflito. Mais de 220 mil pessoas foram mortas nesta guerra das FARC.

Com base no acordo de hoje, podem ser processados não apenas os guerrilheiros, destacou o presidente colombiano, mas "todos os que participaram do conflito de maneira direta ou indireta, inclusive agentes do Estado e em particular os membros da força pública".

O governo colombiano promete dar a "anistia mais ampla possível" para questões políticas, mas deixará de fora crimes de lesa humanidade, genocídio e crimes de guerra graves, que serão examinados pelo tribunal especial.

Timochenko manifestou "satisfação" com o acordo sobre os tribunais: "Corresponde às partes agora multiplicar esforços para a construção de consensos que nos aproximem de um cessar-fogo bilateral, definições sobre a entrega das armas e a transformação das FARC num movimento político legal."

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