Apesar dos votos contrários da Eslováquia, Hungria, República Tcheca e Romênia, a União Europeia decidiu hoje acolher 120 mil refugiados em dois anos e distribuí-los entre seus países-membros com base em cotas calculadas de acordo com o tamanho da população.
Como em seu processo de expansão a UE adotou a decisão majoritária em diversas questões, os votos contrários não representam um veto. Os países derrotados são obrigados a aceitar a decisão. Para esses países pobres da Europa Oriental, parece um atentado contra a soberania nacional.
Em Bratislava, o primeiro-ministro Robert Fico desafiou as regras do bloco: "Enquanto eu for primeiro-ministro, as cotas obrigatórias não serão implementadas em território eslovaco."
Depois de uma longa batalha que ameaça o próprio futuro do projeto de integração da Europa, os ministros do Interior dos 28 países-membros resolveram dividir proporcionalmente os refugiados, adotando pela primeira vez uma política comum de asilo político.
A Polônia, que também era contra, acabou se juntando à Alemanha e à França, o eixo central da UE, e votou a favor da proposta.
O problema é que 120 mil é uma parcela muito pequena dos 4 milhões de refugiados que escaparam da Síria para fugir da guerra civil, além de iraquianos, afegãos e paquistaneses fugindo de suas próprias guerras civis.
"O plano de realocação não será suficiente para resolver a crise", advertiu Carlotta Sami, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas. "São apenas 120 mil em dois anos. Considerando que até hoje 480 mil pessoas chegaram de barco neste ano à Europa e que 84% vêm de países capazes de gerar refugiados, não é suficiente. Os países europeus precisam aumentar esse número."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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