Diante de uma inflação abaixo da meta, sem pressão para aumentar salários, e da desaceleração do crescimento da China, o banco central dos Estados Unidos decidiu hoje manter inalteradas suas taxas básicas de juros em praticamente zero. A expectativa é de que aumente até o fim do ano.
Em 18 de dezembro de 2008, para combater a Grande Recessão provocada pela falência do banco Lehman Brothers, o Comitê do Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed) baixou sua taxa básica de juros para uma faixa de zero a 0,25% ao ano.
Naquela data, o índice de desemprego estava em 7,3%. Chegou ao pico de 10% em dezembro de 2008. Hoje está em 5,1%, perto dos 5% considerados pleno emprego pelos economistas americanos.
A economia cresceu em ritmo de 3,7% ao ano no segundo trimestre. Mas a inflação está em 0,3% ao ano, abaixo da meta informal perseguida pelo Fed de 1% a 2% ao ano, e os salários não aumentaram. Não há pressão inflacionária vinda dos salários e a queda nos preços do petróleo diminui os custos.
Ao mesmo tempo, a China, segunda maior economia do mundo sofre com a desaceleração do crescimento, a queda no comércio exterior e na produção industrial. O regime comunista chinês intervém no mercado financeiro para defender os investimentos de pequenos acionistas.
Na 55ª reunião desde dezembro de 2008, o comitê de política monetária do Fed decidiu cautelosamente adiar mais uma vez o início da normalização da política monetária.
"À luz dos acontecimentos que vimos e seus impactos nos mercados financeiros, queremos mais tempo para avaliar os prováveis impactos sobre os EUA", declarou a presidente do Fed, Janet Yellen, ao justificar a decisão, referindo-se à China e ao panorama internacional.
A decisão reflete a cautela da própria Janet Yellen, economista com doutorado na Universidade de Yale. Para evitar surpresas desagradáveis, ela costuma chegar nos aeroportos horas antes dos voos e prepara seus pronunciamentos durante semanas. O banco central não deve fazer surpresas.
Aumentar os juros agora, num momento de incerteza sobre o futuro da recuperação americana, iria contra sua natureza, observou o jornal The Wall Street Journal.
Dos 17 membros do comitê, 13 esperam uma alta de juros ainda em 2015. Em junho, eram 15. O comitê de política monetária do Fed tem mais duas reuniões marcadas para este ano, no fim de outubro e em meados de dezembro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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