Em mais um sinal de desaceleração da economia capaz de abalar os mercados financeiros do mundo inteiro, a China reduziu hoje de 7,4% para 7,3% seu índice oficial de crescimento no ano passado. Foi a menor taxa desde 1990, quando o país estava sob o impacto do boicote causado pelo Massacre na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Para 2015, a China, segunda maior economia do mundo, com produto interno bruto de cerca de US$ 10 trilhões, fixou a meta oficial de crescimento em 7%.
Oficialmente o regime comunista chinês insiste que está dentro da meta. Mas as desvalorizações da moeda, os cortes nas taxas básicas de juros e a redução das exigências de depósitos compulsórios dos bancos no banco central revelam uma clara preocupação de acelerar o crescimento.
Com razão, os economistas suspeitam que o governo chinês não esteja dizendo toda a verdade. Esta incerteza tem um impacto negativo ainda maior. A diferença de 0,1 ponto percentual representa pouco para a economia chinesa, mas indica que o governo luta para se manter dentro da meta de crescimento, que no ano passado era de 7,5%, e aumenta a suspeita de manipulação das estatísticas oficiais.
Nas últimas semanas, o risco de uma aterrissagem forçada da China derrubou os mercados internacionais, com fortes impactos sobre mercados emergentes - ou seria mais adequado dizer submergentes? - como o Brasil.
Para sustentar o mercado e não desapontar ainda mais os investidores chineses, o regime comunista gastou bilhões comprando ações. Como sua legitimidade vem do crescimento, o Partido Comunista teme que seu monopólio de poder seja contestado se a crise econômica se agravar.
A China já é uma superpotência econômica, mas, mais cedo ou mais tarde, a crise virá e a reação do regime, cada vez mais poderoso militarmente e agressivo com os vizinhos, é um enigma para os analistas políticos e econômicos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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