Por 178 a 120 com duas abstenções, o Parlamento da Grécia aprovou hoje a convocação de uma consulta popular em 5 de julho de 2015 para decidir se o país deve aceitar as imposições dos credores internacionais e manter o rigoroso programa de ajuste fiscal que levou a uma queda de 25% no produto interno bruto nos últimos seis anos. O governo radical de esquerda vai defender o voto não.
Durante 14 horas de um debate inflamado, os deputados da Coligação de Esquerda Radical (Syriza) argumentaram que a rejeição do acordo não significa que a Grécia terá de sair da Zona do Euro e da União Europeia. O primeiro-ministro Alexis Tsipras disse esperar o fortalecimento de sua posição negociadora com o referendo.
A Syriza foi eleita nas eleições de 25 de janeiro de 2015 prometendo acabar com o programa de austeridade fiscal imposto pela chamada troika formada pela Eurozona, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), em troca de empréstimos de 240 bilhões de euros.
Horas antes, em Bruxelas, os ministros das Finanças do Grupo do Euro rejeitaram um pedido da Grécia para estender o atual programa de resgate por mais um mês e excluíram a Grécia da segunda parte da reunião, em que discutiram a possibilidade de saída do país da união monetária europeia.
O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, alegou hoje não ter um mandato para assinar um acordo com novos cortes de gastos públicos. Daí a necessidade de convocar um referendo.
A Grécia depende da liberação de uma parcela de 7,2 bilhões de euros para pagar 1,6 bilhão de euros ao FMI em 30 de junho, além dos salários, aposentadorias e pensões de seus cidadãos. Como o referendo foi marcado para depois desta data, a Grécia já estará em calote.
No fim da reunião ministerial em Bruxelas, o ministro das Finanças da França, Michel Sapin, criticou o referendo, mas insistiu em que seu país quer manter a Grécia na Eurozona, mantendo a esperança de um acordo de última hora.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 27 de junho de 2015
Parlamento da Grécia aprova referendo sobre negociação da dívida
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