Além de importantes vitórias nas guerras civis do Iraque e da Síria, ao assumir o controle de Sirte, terra natal do finado ditador Muamar Kadafi, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante estende seus tentáculos e cria uma base de poder na Líbia, de onde já lançou um ataque a bomba contra a cidade de Missurata, observa hoje o jornal The Washington Post.
Desde a queda de Kadafi, em agosto de 2011, a Líbia não tem um governo estável. Vive em estado de anarquia, com as milícias que derrubaram a ditadura com o apoio aéreo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) lutando entre si.
É mais um Estado Nacional que entrou em colapso, a exemplo do que aconteceu com o Líbano desde a longa guerra civil (1975-90) entre cristãos e muçulmanos, o Afeganistão depois da invasão soviética de 1979, o Iraque depois da invasão americana de 2003 e a Síria desde o início da guerra civil, em 15 de março de 2011.
Terras sem uma autoridade central, esses Estados em colapso são terreno fértil para o extremismo muçulmano. Com a concorrência entre as duas grandes organizações terroristas muçulmanas, o Estado Islâmica e a rede Al Caeda, pelo mundo inteiro grupos jihadistas estão jurando lealdade a uma ou à outra.
Nos Estados Unidos, dois terroristas que tentaram atacar um local onde havia uma exposição de desenhos do profeta Maomé pretextaram lealdade ao Estado Islâmico. Podem ter ido buscar inspiração na milícia que aterroriza o Iraque e a Síria, mas não tinham relações operacionais com o grupo.
Na Líbia, é o verdadeiro Estado Islâmico que está em ação. Os analistas militares estimam que a milícia tenha 3 mil homens no país, tornando-o na sua principal base fora do Iraque e da Síria. Na Líbia, estão sendo treinados voluntários da Arábia Saudita, da Argélia, da Tunísia e do Egito.
Desde fevereiro, o Estado Islâmico domina as instituições governamentais de Sirte. No mês passado, seus milicianos tomaram o aeroporto e uma base aérea adjunta. Em 31 de maio, um terrorista suicida do EI jogou seu veículo contra um posto de controle militar em Missurata, a 270 quilômetros de distância, matando cinco pessoas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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