Na véspera de uma reunião de cúpula decisiva para as negociações sobre a dívida pública da Grécia marcada para hoje, os líderes da União Europeia advertiram o primeiro-ministro Alexis Tsipras de que o país não vai receber uma parcela de 7,2 bilhões de euros (R$ 25,4 bilhões) se não fizer acordo com seus sócios do Grupo do Euro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE).
Em uma série de telefonemas no domingo, líderes europeus, inclusive a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, deixaram claro que não haverá negociações de última hora durante a reunião de cúpula. A Grécia precisa chegar a um acordo com as instituições que fiscalizam o programa de ajuste fiscal adotado em troca de empréstimos de 240 bilhões de euros (R$ 847 bilhões).
Se o governo radical de esquerda grego apresentar um plano de privatizações, cortes de gastos e aumentos de impostos para equilibrar as contas públicas, a Europa já admite negociar uma redução do total da dívida, hoje em 320 bilhões de euros (R$ 1,12 trilhão). Mas as contas precisam fechar.
Tsipras embarcou ontem à noite para a reunião de cúpula em Bruxelas sem que as instituições fiscalizadoras tenham recebido uma nova proposta. O líder grego parece disposto a blefar até o último momento na expectativa de que os credores recuem para evitar um mal maior.
Sem um acordo nesta segunda-feira, a Grécia não terá condições de pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros devida ao FMI no fim deste mês. Vai se juntar a Cuba, Sudão e Zimbábue entre os caloteiros do Fundo.
O medo de que o país não pague a dívida e seja forçado a deixar a união monetária provocou uma corrida aos bancos na semana passada, com um total de saques de mais de 6 bilhões de euros (R$ 21,2 bilhões).
Na sexta-feira, o BCE abriu uma linha de financiamento de emergência de 3,3 bilhões (R$ 11,65 bilhões) para evitar o colapso do sistema financeiro grego. Durante a semana passada, o Banco Central da Grécia divulgou nota alertando para o risco de uma "crise incontrolável" em caso de calote e possível saída do país da Zona do Euro. O governo não se abalou.
A Coligação de Esquerda Radical (Syriza), liderada por Tsipras, venceu as eleições parlamentares de 25 de janeiro de 2015 depois de uma depressão econômica de seis que reduziu o produto interno bruto da Grécia em 25% e elevou o desemprego a mais de 25%, sendo 56% entre os jovens. Sua promessa central de campanha foi romper com as políticas de austeridade fiscal impostas pela troika, que agravaram a crise.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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