Três atentados terroristas abalaram hoje o Norte da África, o Oriente Médio e a Europa, deixando pelo menos 65 mortos. As principais suspeitas recaem sobre a milícia extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que insuflou à realização de uma onda de ataques durante o mês do Ramadã, sagrado para os muçulmanos, que em 2015 vai até 17 de julho.
O ataque mais mortífero foi registrado diante de um hotel numa praia particular da cidade de Sousse, na Tunísia, no Mar Mediterrâneo. Numa clara intenção de destruir a indústria de turismo, uma das principais fontes de renda do país, os alvos foram turistas estrangeiros fuzilados por um atirador com um fuzil Kalachnikov. Pelo menos 39 pessoas foram mortas. A maioria era de turistas europeus, entre eles alemães, britânicos, belgas e irlandeses.
A Tunísia foi o berço da chamada Primavera Árabe. O ditador tunisiano Zine ben Ali foi o primeiro a cair, em 14 de janeiro de 2011, e seu país o único a evoluir rumo à democracia. Ao mesmo tempo, é de onde saíram mais jovens para aderir ao Estado Islâmico no Iraque e na Síria, mais de 3 mil voluntários do martírio.
Em 18 de março de 2015, dois pistoleiros atacaram outra atração turística, o Museu do Bardo, na capital, Túnis, matando 22 pessoas. Os jihadistas tentam impedir que se torne uma democracia liberal.
Na Cidade do Kuwait, um homem-bomba detonou os explosivos amarrados junto ao corpo dentro de uma mesquita xiita no momento em que os fiéis estava ajoelhados rezando. Pelo menos 27 pessoas foram mortas e outras 232 saíram feridas.
O Estado Islâmico, que reivindicou a autoria do atentado, segue a ideologia salafista, que é sunita. Já atacou duas mesquitas xiitas na Arábia Saudita. Seu objetivo aqui é provocar uma guerra sectária entre muçulmanos sunitas e xiitas.
A terceira ação terrorista aconteceu em Saint-Quentin-Fallavier, a 30 quilômetros da cidade de Lyon, no Sul da França, onde um homem invadiu uma usina de gás de uma empresa americana e jogou seu carro contra grandes depósitos de gás para explodir todo o complexo. Um corpo decapitado foi encontrado nas proximidades.
Um homem que estava no carro, Yassin Salhi, foi preso e declarou pertencer ao Estado Islâmico. A polícia francesa investiga se havia outro terrorista com ele. Quatro suspeitos foram presos.
O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, revelou que Salhi tem origem no Norte da África, é ligado a um movimento salafista e foi identificado como um inimigo em potencial em 2006, mas até agora não havia sido implicado em qualquer atividade terrorista.
A cabeça degolada perto de uma Bandeira da Águia (Rayat al-Ukab), usada por vários grupos jihadistas, inclusive Al Caeda e o Estado Islâmico. O morto era o patrão de Salhi.
O presidente François Hollande, que participava de uma reunião de cúpula da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica, confirmou se tratar de terrorismo e voltou à França para coordenar a resposta do governo, baseada em "ação, prevenção e dissuasão, sem ceder jamais ao medo".
A França está em estado de alerta contra o terrorismo desde o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, em 7 de janeiro de 2015, seguido de outras ações que deixaram um total de 17 mortos. O ataque ao jornal foi feito pelos dois irmãos Kouachi, um deles treinado no Iêmen pela rede Al Caeda na Península Arábica.
Nos dias seguintes, Amédy Coulibaly matou uma policial negra na rua e quatro pessoas num supermercado de comida judaica. Antes de morrer, ele declarou lealdade ao Estado Islâmico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Atentados terroristas matam 67 na Tunísia, no Kuwait e na França
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