Em declaração feita há pouco em Zurique, na Suíça, em meio ao maior escândalo de corrupção da história do futebol, o presidente da Federação Internacional de Futebol Associativo (FIFA), Joseph Blatter, acabar de anunciar sua renúncia. Um congresso extraordinário deve eleger um novo presidente.
Neste momento o presidente da comissão que fez uma auditoria na FIFA, o italiano Domenico Scala, atribuiu a corrupção à "estrutura do comitê executivo" e acrescentou que "isto tem de mudar". A expectativa é que um novo presidente seja eleito entre dezembro de 2015 e março de 2016.
Entre as propostas de mudança, estará a limitação do número de mandatos que um presidente poderá cumprir. Blatter estava no cargo desde 1998, quando substituiu o brasileiro João Havelange, do qual era secretário-geral. Fica na presidência até a eleição do sucessor.
O escândalo estourou com a prisão na quarta-feira passada no hotel mais luxuoso de Zurique, a mais rica cidade da Suíça, de sete dirigentes da FIFA, inclusive do ex-presidente da CBF José Maria Marin. No mesmo dia, em Washington, a ministra da Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch, manifestou a "determinação de acabar com a corrupção no futebol mundial".
Todos devem ser extraditados para os EUA, onde foram denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo bancos e empresas americanas. Os crimes estão relacionados à compra de votos para escolha de países-sedes de Copas do Mundo e propinas pagas em negociações de direitos de transmissão de eventos.
Dois dias depois, apesar da pressão da UEFA (União Europeia de Futebol Associativo) para renunciar, Blatter foi reeleito para um quinto mandato e tentou se desvincular de quaisquer irregularidades cometidas pelos dirigentes presos. O presidente da FIFA chegou a dizer que não tinha como "monitorar as atividades de todos".
Pairava no ar uma ameaça de que a UEFA pudesse romper com a FIFA, boicotar a próxima Copa do Mundo e passar a organizar suas competições independentemente. Uma carta ligando o secretário-geral da entidade, Jérôme Walcke, a uma propina de US$ 10 milhões (R$ 32 milhões) paga a um dirigente da região do Mar do Caribe para votar a favor da realização da Copa de 2010 na África do Sul levou a crise diretamente à diretoria presidida por Blatter.
Aqui no Brasil, a Polícia Federal e o Ministério Público abriram inquéritos. Ontem, foi revelado que a PF indiciou o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, que teria movimentado R$ 464 milhões em contas bancárias pessoais quando presidia o comitê organizador local da Copa de 2014. O senador Romário conseguiu as assinaturas necessárias para instaurar uma comissão parlamentar de inquérito sobre a corrupção no futebol brasileiro.
Um dos casos em exame pela Justiça dos EUA é o contrato de patrocínio assinado em 1996 entre a empresa transnacional americana Nike e a CBF, pelo qual Teixeira teria recebido uma propina de US$ 15 milhões.
Internacionalmente é provável que as decisões de organizar a Copa de 2018 na Rússia e de 2022 no Catar sejam questionadas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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