Sob grande pressão interna e externa, o presidente Nicolás Maduro finalmente convocou ontem eleições parlamentares para 6 de dezembro de 2015 na Venezuela. A maioria absoluta do regime chavista no Parlamento está ameaçada e Maduro insinuou que pode rejeitar o resultado.
"Se a direita ganhar, serei o primeiro a me lançar às ruas", declarou o sucessor e herdeiro político de Hugo Chávez. "Se a direita tomar a Assembleia Nacional, sucederiam coisas muito graves neste país, haveria um processo de confrontação nas ruas."
A convocação das eleições parlamentares era uma das exigências do líder oposicionista Leopoldo López, preso há mais de um ano sem culpa formada, para encerrar uma greve de fome de 29 dias. Vários membros do seu partido, Vontade Popular, aderiram à greve, que está mantida. Outra reivindicação é a libertação de todos os presos políticos venezuelanos.
Hoje, o governo tem o apoio de 99 dos 165 deputados da Assembleia Nacional e uma popularidade em queda. Maduro foi eleito presidente em abril de 2013, 40 dias depois da morte de Chávez, com 50,6% dos votos.
Com a queda nos preços internacionais do petróleo, a inflação em 100% ao ano, desabastecimento de produtos básicos e dólar a 465 bolívares o mercado negro - até pouco tempo atrás a cotação oficial era 6,30 -, as chances de vitória da oposição são enormes.
Se a oposição conquistar maioria na Assembleia Nacional, o próximo passo será recolher assinatura para exigir a realização de um referendo revogatório para abreviar o mandato do atual presidente. É um instituto introduzido por Chávez na Constituição da República Bolivarista da Venezuela, o nome oficial do país, rebatizado pelo caudilho.
Como o regime chavista não parece disposto a entregar o poder, os próximos meses serão grande agitação política na Venezuela. A campanha começa oficialmente em 13 de novembro, mas este é um governo que nunca desceu do palanque em conflito com uma oposição que precisa desesperadamente de um.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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