Ao não pagar uma dívida de 1,55 bilhão de euros com vencimento hoje, a Grécia se tornou o primeiro país desenvolvido a dar calote no Fundo Monetário Internacional (FMI), criado depois da Segunda Guerra Mundial para socorrer países com problemas financeiros, evitando que deixassem de pagar suas dívidas e reduzissem o comércio internacional.
Horas antes, os ministros das Finanças da Zona do Euro rejeitaram um último apelo da Grécia por uma prorrogação do atual programa de ajuda financeira ao país.
Com seu blefe, o governo da Coligação de Esquerda Radical (Syriza) rebaixa a Grécia ao nível da Somália, do Sudão e do Zimbábue, países que não honraram suas dívidas com o FMI.
Depois de várias tentativas frustradas de chegar a um acordo com o Grupo do Euro, o FMI e o Banco Central Europeu, o primeiro-ministro Alexis Tsipras alegou não ter mandato para impor mais cortes de gastos públicos e sacrifícios ao povo grego. Preferiu convocar um referendo sobre o acordo com os credores para 5 de julho de 2015.
Enquanto a Syriza defende o não no referendo, os partidos tradicionais, Socialista e Nova Democracia, pedem ao eleitorado que diga sim para continuar usando o euro como moeda. O governo alega que o não lhe dará mais forças para voltar à mesa de negociações.
Mas as autoridades europeias já deixaram claro que não pretendem renegociar os termos do acordo e Tsipras afirma que não vai aplicar um plano de austeridade. Depois do referendo, a Grécia terá pela frente o colapso financeiro ou a perspectiva de eleições num cenário de terra arrasada.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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