Desde que os Estados Unidos entraram na guerra contra a milícia extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, em setembro de 2014, mais de 10 mil milicianos do grupo foram mortos, afirmou hoje o subsecretário de Estado americano, Antony Blinken.
O subsecretário representou os EUA numa conferência realizada em Paris para fazer um balanço desses nove meses de aliança contra o mais feroz grupo jihadista da história. Na ocasião, o primeiro-ministro do Iraque, Heidar al-Abadi, acusou as potências regionais e mundiais de fazerem muito pouco para livrar o país da milícia terrorista.
Abadi alegou que o país é alvo da agressão de estrangeiros, que seriam hoje 58% dos milicianos do Estado Islâmico, e não tem condições de enfrentar o problema sozinho.
Por outro lado, o secretário da Defesa dos EUA, Ash Carter, acusou o Exército do Iraque de entrar em colapso e fugir da cidade de Ramadi por "falta de vontade de lutar". Com o colapso do Estado iraquiano em 2003, depois da invasão americana e da queda do ditador Saddam Hussein, o país vive em estado de anarquia.
Nessa terra sem lei, a rede terrorista Al Caeda se infiltrou. Em 2004, entrava em ação Al Caeda no Iraque, que em outubro de 2006 passou a se chamar Estado Islâmico do Iraque. Quando começou a guerra civil da Síria, em 2011, o Estado Islâmico do Iraque enviou seus representantes para lutar em aliança com Al Caeda.
Em abril de 2013, o líder da milícia, Abu Bakr al-Baghdadi, anunciou uma fusão com a Jabhat al-Nusra (Frente da Vitória) para criar o Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Mas tanto o comandante da frente, Abu Mohamad al-Julani, quanto o supremo líder da Caeda, o médico egípcio Ayman al-Zawahiri, rejeitaram a união.
Depois de oito meses de luta, em 3 de fevereiro de 2014, Al Caeda rompeu oficialmente com o Estado Islâmico denunciando a "notória intransigência" do grupo. Agora, ambos lutam de lados diferentes na guerra civil da Síria.
No momento, o Estado Islâmico estaria apoiando a ditadura de Bachar Assad, noticiou hoje o jornal israelense Haaretz, e vendendo petróleo ao regime sírio, que sobrevive graças à milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), armada e financiada pelo Irã.
A situação no Oriente Médio é caótica demais. O Estado Islâmico é fruto do colapso de dois Estados Nacionais, Iraque e Síria, que aspiravam a uma liderança regional no Oriente Médio. É difícil imaginar alguma estabilidade na região enquanto a situação desses países não se normalizar. A julgar pela situação de dois outros Estados colapsados que até não se reergueram, o Líbano e o Afeganistão, a expectativa é sombria e sangrenta.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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