A uma semana do fim do prazo previsto para um acordo preliminar, o Irã rejeitou um pedido do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, para realização de inspeções de supresa nas instalações nucleares do país, informou hoje o jornal libanês The Daily Star. As inspeções sem aviso prévio são uma das exigências das grandes potências que negociam o desarmamento do programa nuclear iraniano.
Em texto publicado hoje no sítio da televisão estatal do Irã, o porta-voz iraniano para a questão nuclear, Behrouz Kamalvandi, foi citado dizendo que as inspeções de surpresa são "ilegais".
As negociações das cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha com a República Islâmica do Irã devem ser concluídas até 30 de junho de 2015. A expectativa é chegar a um acordo preliminar até 31 de março. Mas está cada vez mais difícil.
Como o Irã insiste no direito de enriquecer urânio para fins pacíficos, será autorizado a manter um número limitado de centrífugas e de reatores nucleares em atividade. Para ter a certeza de que não enriquecerá urânio ao teor necessário para fazer a bomba atômica nem produzirá plutônio, as grandes potências consideram essencial realizar inspeções de surpresa.
Apesar da recusa, o regime fundamentalista do Irã está interessado no acordo. As autoridades iranianas fecharam no mês passado um jornal semanal linha-dura de propriedade do deputado Hamid Rassai acusado de criticar o presidente Hassan Rouhani por "fazer concessões demais" nas negociações.
"O órgão de fiscalização da imprensa fechou o semanário Noh-e Day por publicar matérias que contradizem a política nuclear do país", noticiou uma agência oficial, citada pela Reuters.
Em janeiro, o jornal disse que "cada passo dado pelo [ministro do Exterior, Mohamed] Zarif durante a caminhada [com o secretário de Estado americano, John Kerry, ao redor do Lago Genebra] destruiu cem quilos da reserva de urânio enriquecido".
Desde novembro de 2013, o Irã congelou as atividades do programa nuclear para ajudar nas negociações. O maior objetivo iraniano é acabar com as sanções que pesam sobre a economia do país.
Ontem, foi revelado que o serviço secreto de Israel espionou os EUA em busca de elementos para bombardear as negociações. Como disse em 3 de março em discurso no Congresso americano, o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu não acredita na boa fé na república dos aiatolás e teme que um acordo facilite o caminho até a bomba atômica.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 24 de março de 2015
Irã rejeita inspeções nucleares de surpresa e complica negociações
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