Depois de uma guerra civil marcada por atrocidades que matou de 12 a 15 mil pessoas nos últimos seis anos, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, declarou ontem que o Exército vai recuperar todas as regiões em poder da milícia extremista muçulmana Boko Haram dentro de um mês.
Em entrevista à televisão pública britânica BBC, Jonathan, candidato à reeleição em 28 de março de 2015, afirmou: "Eles estão ficando mais fracos dia a dia", mas admtiu que a resposta do governo à insurgência terrorista foi lenta.
O presidente nigeriano apoiou o jornal francês Charlie Hebdo depois do ataque terrorista de janeiro deste ano, mas ficou calado no primeiro momento e ficou impotente diante do rapto de mais de 200 meninas há 11 meses. Na entrevista, manifestou a esperança de que elas estejam vivas.
Com o apoio dos exércitos de Camarões, do Chade e do Níger para fechar as rotas de fuga dos terroristas através da fronteira, o Exército da Nigéria anunciou a retomada na atual ofensiva de 11 dos 14 distritos em poder do Boko Haram, libertando 36 cidades e vilas. Em Ngala, que os militares dizem ter reconquistado, 11 pessoas foram mortas ontem pelos jihadistas.
Sob pressão, neste mês, o Boko Haram declarou lealdade ao Estado Islâmico, que estende seus tentáculos pela África e o Oriente Médio, tentando fazer alianças com grupos terroristas ligados à rede Al Caeda. Como o Boko Haram já havia proclamado seu próprio Estado Islâmico, a declaração foi vista como um sinal de fraqueza.
O governo nigeriano já cantou vitória antes contra o Boko Haram, que significa "repúdio à educação ocidental" e tenta impor sua visão sectária do islamismo na África Ocidental. Desta vez, está mais perto da realidade. Mas é improvável que uma crise política e social tão profunda, nascida em regiões miseráveis do país mais rico da África, desapareça de uma hora para outra
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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