O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan acusou ontem o Irã de tentar dominar o Oriente Médio, perturbando seu país, a Arábia Saudita e outras monarquias do Golfo Pérsico, noticiou hoje o jornal turco Hürriyet Daily News.
Com visita a Teerã marcada para o início do próximo mês, Erdogan foi logo mandando o recado: "O Irã está tentando controlar a região. Isto pode ser permitido? Já começa a irritar a nós, à Arábia Saudita e aos países do Golfo Pérsico. Isto não é tolerável e o Irã precisa saber."
A Turquia é majoritariamente sunita. Dá apoio logístico e de inteligência à intervenção militar liderada pela Arábia Saudita, que há três dias bombardeia posições dos rebeldes hutis, xiitas zaiditas apoiados pelo Irã, no Iêmen, à frente de uma aliança de dez países árabes. Cerca de 150 mil soldados foram mobilizados para uma possível invasão por terra ao país árabe mais pobre.
O Egito e o Paquistão apoiam a ação saudita. O governo egípcio pode entrar na guerra. Já o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, declarou que só vai intervir se a Arábia Saudita for atacada.
Erdogan exigiu a retirada de forças iranianas do Iraque, da Síria e do Iêmen. Seu argumento é que as guerras civis estão se tornando conflitos sectários entre sunitas e xiitas: "O Irã tem de mudar sua visão. Têm de retirar suas forças e respeitar a integridade territorial destes países."
Os ataques ao Irã pressionam os Estados Unidos às vésperas de 31 de março de 2015, prazo para um acordo preliminar nas negociações nucleares entre as grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia), a Alemanha e o Irã para desarmar o programa nuclear iraniano e impedir o país de fabricar a bomba atômica.
Se o Irã tiver armas atômicas, poderá deflagrar uma corrida nuclear no Oriente Médio. Outros candidatos a potências regionais, especialmente a Arábia Saudita e a Turquia, não vão querer ficar para trás.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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