O presidente deposto do Iêmen, Abed Rabbo Mansur Hadi, chegou hoje a Riade, a capital da Arábia Saudita, que interveio militarmente ontem no país para conter o avanço dos rebeldes hutis, xiitas zaiditas, rumo ao porto de Áden, a segunda maior cidade do mais pobre país árabe.
Diante da ofensiva rebelde, Hadi deixou ontem o palácio presidencial em Áden. Não se sabia se ele ainda estava no país.
Ao anunciar a operação ontem à noite em Washington, o embaixador saudita nos Estados Unidos alegou estar defendendo o governo legítimo do Iêmen, informou o jornal The Washington Post. O ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que caiu em 2012 na Primavera, depois de governar o Iêmen do Norte e o Iêmen, unificado em 1990, por 33 anos, está do lado dos rebeldes.
A intervenção militar deve ser vista no contexto maior do conflito entre sunitas, apoiados pela Arábia Saudita e as monarquias petroleiras do Golfo Pérsico, e xiitas apoiados pelo Irã. Há conflitos políticos entre as duas principais correntes do islamismo no Iraque, na Síria, no Líbano, no Bahrein e no Iêmen. Com medo de ficar cercada por regimes xiitas hostis, os sauditas decidiram atacar os hutis.
O Egito e o Sudão anunciaram hoje sua adesão à intervenção militar liderada pela Arábia Saudita. Pelo menos 18 pessoas morreram nos bombardeios aéreos.
Com o ataque, o preço do petróleo tipo Brent subiu US$ 2,36 para US$ 58,84 por barril. A guerra chega perto do estreito de entrada do Mar Vermelho, a Arábia Saudita pode precisar aumentar o preço para financiar a guerra e há o risco de uma conflagração generalizada entre sunitas e xiitas se o Irã resolver defender seus aliados hutis.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário