Sob o pretexto de se defender de uma "ameaça imperialista" depois que o presidente Barack Obama decretou sanções contra sete altos funcionários da Venezuela acusados de violar os direitos humanos, o presidente Nicolás Maduro pediu ontem à Assembleia Nacional que aprove uma "lei habilitante" para governar por decreto.
A medida é totalmente desnecessária porque o governo tem uma maioria dócil no parlamento. É mais uma etapa no endurecimento de um regime político falido que colocou um país que nada em petróleo numa situação econômica crítica, com a maior inflação do mundo, de 70% ao ano, e desabastecimento de produtos básicos, de leite, carne e farinha a medicamentos, fraldas e até papel higiênico.
Em vez de mudar a política econômica fracassado, Maduro, herdeiro do finado caudilho Hugo Chávez, aumenta a repressão a seus adversários políticos. O período de duração deste estado de exceção será definido pela Assembleia Nacional. Em 2013, foi de um ano.
Diante da impopularidade de Maduro, que conta com apenas 20% de aprovação, a ameaça externa pode ser uma boa desculpa para adiar as eleições parlamentares previstas para este ano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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