Um triplo atentado terrorista suicida contra duas mesquitas xiitas zaiditas da capital do Iêmen, Saná, matou pelo menos 142 pessoas, informou há pouco o jornal francês Le Monde. A milícia extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante reivindicou a autoria do atentado, dois dias depois de atacar o Museu do Bardo, na Tunísia, onde 23 pessoas foram mortas.
A primeira bomba explodiu dentro da mesquita de Bader, no sul da cidade, durante as orações da sexta-feira, a folga religiosa semanal dos muçulmanos. Quando a multidão fugia, outro homem-bomba se detonou na entrada do prédio. A terceira explosão aconteceu na mesquita de Al-Hashahush, no norte de Saná.
O Estado Islâmico também reivindicou um quarto ataque diante de uma mesquita em Saada, a região do antigo Iêmen do Norte de origem da milícia xiita huti, apoiada pelo Irã. Este grupo ocupou Saná progressivamente desde setembro de 2014 e dissolveu o governo em fevereiro de 2015.
Fruto de uma dissidência da rede terrorista Al Caeda na Península Arábica, o ramo mais forte da rede, o Estado Islâmico considera os xiitas alvos prioritários, enquanto a Al Caeda prefere atacar alvos ocidentais e os regimes autoritários apoiados pelo Ocidente.
Com a queda do governo sunita, os Estados Unidos fecharam a embaixada em Saná, prejudicando o programa de ataques a Al Caeda com aviões não tripulados. Na fura rápida, os americanos deixaram para trás US$ 500 milhões em armas, munições e equipamentos militares que podem cair nas mãos dos rebeldes hutis ou dos terroristas.
Ontem, um avião de guerra bombardeou o palácio presidencial de Áden, a antiga capital do Iêmen do Sul, onde o ex-presidente Abed Rabbo Mansur Hadi está refugiado desde que foi libertado da prisão domiciliar em Saná, em 21 de fevereiro, na tentativa de formar um governo paralelo. Ele deixou o palácio, mas não saiu do país, informaram assessores da Presidência.
À noite, houve combates ao redor do aeroporto de Áden, onde unidades de forças especiais comandadas pelo general rebelde Abdel Hafedh al-Sakkaf, atacaram os "comitês de resistência popular" leais ao presidente deposto. Todos os voos foram suspensos.
Mais pobre dos países árabes, unificado em 1990, o Iêmen está radicalmente dividido. Os rebeldes hutis, da minoria xiita zaidita, dominam o antigo Iêmen do Norte, enquanto o ex-presidente tenta manter sua base no poder no Iêmen do Sul, com o apoio da Arábia Saudita e das monarquias petroleiras sunitas do Golfo Pérsico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 20 de março de 2015
Triplo atentado do Estado Islâmico deixa 142 mortos no Iêmen
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