Zhana Nemtsova não tem provas contra o presidente. Mas considera Vladimir Putin "politicamente responsável" pela morte do pai, que descreveu como "o mais poderoso líder da oposição na Rússia". O ex-vice-primeiro-ministro Boris Nemtsov foi morto com quatro tiros em 27 de fevereiro de 2015 a 50 metros das muralhas do Kremlin. A polícia prendeu dois chechenos. Um já recuou da confissão inicial.
"Depois da sua morte, a oposição está degolada e todo o mundo está com medo", declarou Zhana Nemtsova, uma jornalista especializada em economia que nunca foi militante política, em entrevista na Itália ao programa Newsnight, da televisão pública britânica BBC, citado pelo jornal inglês The Guardian.
Ao expressar claramente sua opinião sobre a morte do pai, Zhana teme ser considerada uma ativista política pelo governo Putin: "Não tenho medo. Volto em 15 de março, mas digo que eles mataram meu pai. Não posso ficar em silêncio. É absolutamente impossível."
Pai e filha discutiram várias vezes a possibilidade de Nemtsov ser preso, mas ela declarou que ele nunca falou numa "ameaça grave" à sua vida: "Ele tentou resistir... havia muito estresse, mas ele era um lutador."
Antes de morrer, o líder da oposição preparava um dossiê sobre a intervenção militar da Rússia na Ucrânia, que iria denunciar numa grande manifestação convocada para 1º de março em 15 cidades. Nemtsov seria o principal orador em Moscou. Foi morto dois dias antes.
O ex-subcomandante das tropas do Ministério do Interior na república rebelde da Chechência Zaur Dadaev, declarou ontem ter sido torturado para confessar o crime.
A polícia apontou como motivo sua revolta como muçulmano pelo apoio dado por Nemtsov aos cartunistas do jornal humorístico francês Charlie Hebdo, alvo de um ataque terrorista em Paris em 7 de janeiro de 2015.
Na oposição russa, ninguém acredita na versão oficial.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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