Um ataque terrorista contra o Museu do Bardo, no centro de Túnis, perto do Parlamento da Tunísia, terminou com a morte de 20 turistas estrangeiros, um tunisiano e dois extremistas muçulmanos, confirmou há pouco o primeiro-ministro Habib Essid. Ele acrescentou que três jihadistas conseguiram escapar do cerco policial. Outras 22 pessoas saíram feridas.
A Tunísia foi o país onde começou a chamada Primavera Árabe, uma onda de revoltas contra governos autoritários do Norte da África e do Oriente Médio. Os protestos começaram quando um jovem universitário desemprego se ateou fogo em reação aos achaques de fiscais do governo.
Quando ele morreu, três semanas depois, a revolta estourou. Em 14 de janeiro de 2011, o ditador Zine al-Abidine Ben Ali fugiu do país. Hoje, a Tunísia é o único país árabe onde a revolta popular levou à democracia.
O Egito voltou à ditadura militar com o golpe de 2013 contra a Irmandade Muçulmana. A Líbia e o Iêmen vivem na anarquia, sem governo estável. E a Síria é palco da maior tragédia humanitária em andamento hoje no mundo, com 220 mil mortes nos últimos quatro anos e 11 milhões de refugiados e desalojados de suas casas.
Por outro lado, estima-se que a Tunísia tenha sido o país de onde saíram mais voluntários para aderir à milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, cerca de 3 mil. Uma suspeita é que esses voluntários enrijecidos pela brutalidade das guerras no Oriente Médio tenham decidido atacar seu próprio país. Os terroristas também podem ter vindo de países vizinhos com fortes movimentos jihadistas como a Argélia e a Líbia.
Os terroristas esperaram a chegada de ônibus de turismo e abriram fogo. Em seguida, invadiram o prédio, onde havia cerca de 100 turistas. O atentado é uma tentativa de boicotar a única democracia nascida da Primavera Árabe. O turismo é uma das principais fontes de renda da jovem democracia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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