As negociações das cinco grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), a Alemanha e o Irã para desarmar o programa nuclear iraniano, que deveriam chegar a um acordo preliminar hoje, foram estendidas até quarta-feira, em Lausanne, na Suíça, informou o jornal The Washington Post. É um sinal de que os dois lados acreditam num acordo.
"Fizemos progressos suficientes nos últimos dias para valer a pena continuar até quarta-feira", declarou a porta-voz do Departamento de Estado americano. "Ainda há muitas questões difíceis."
Apesar da reaproximação entre os Estados Unidos e o Irã, há muitos pontos de desacordo. No fim de semana, o ministro do Exterior e principal negociar iraniano, Mohamed Javad Zarif, recuou da proposta de enviar todo o urânio enriquecido no Irã para armazenamento na Rússia.
O Irã insiste no direito de usar a energia nuclear para fins pacíficos, enquanto os países árabes vizinhos e Israel não confiam no regime fundamentalista iraniano. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursou contra o acordo no Congresso dos EUA, em 3 de março, lembrando que a Coreia do Norte fez vários acordos, violou todos e fez a bomba atômica. Nesta reta final das negociações, a França e o Reino Unido defendem os interesses dos países mais céticos.
No passado, o regime iraniano mentiu ao esconder seus dois principais centros de enriquecimento de urânio, em Fordo e Natanz.
Pela proposta em discussão, o Irã seria autorizado a conservar 6 mil das 19 mil centrífugas que têm hoje. A república islâmica exige ainda o direito de continuar fazendo pesquisas atômicas. Já estaria a um ano da capacidade nuclear militar. Um acordo congelaria o programa por dez anos.
Outro aspecto fundamental é a fiscalização. Na semana passada, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o japonês Yukiya Amano, acusou a república dos aiatolás de rejeitar inspeções de surpresa.
Em troca do desarmamento nuclear, o Irã exige o fim imediato das sanções internacionais que pesam sobre a economia do país. Até agora, as grandes potências só concordam com uma retirada gradual das sanções, se a ditadura teocrática iraniana cumprir o acordo, que tem apoio popular de 59% nos EUA.
O prazo final para um acordo definitivo é 30 de junho de 2015. Com ou sem acordo, há o risco de uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio. Outros candidatos a potências regionais, como a Arábia Saudita, o Egito e a Turquia não vão querer ficar atrás do Irã, que financia milícias xiitas no Iêmen, no Iraque, no Líbano e na Síria.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 31 de março de 2015
Negociação nuclear com o Irã é prorrogada até amanhã
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