Com a metade dos votos apurados, num resultado parcial com 18 dos 36 estados da Nigéria, o ex-ditador Muhamadu Buhari, abriu uma vantagem de mais de 2 milhões de votos sobre o atual presidente, Goodluck Jonathan, informou o jornal britânico The Guardian.
Buhari, do Congresso de Todos os Progressistas (APC), tinha ontem 8.520.436 votos contra 6.448.210 para Jonathan, do Partido Democrático Popular (PMP). A se confirmar esta vantagem, Jonathan será o primeiro presidente em exercício do país mais rico e mais populoso da África a perder uma eleição presidencial.
Cerca de 69 milhões dos 177 milhões de nigerianos estavam aptos para votar. O comparecimento às urnas foi maior nos redutos do oposicionista.
Apesar do forte crescimento de 6%-8% ao ano nos últimos anos, o governo sofreu com a insurgência da milícia extremista muçulmana Boko Haram, que deflagrou em 2009 uma guerra civil com mais de 12 mil mortes, sendo mais de mil só neste início de ano. Pelo menos 40 pessoas foram mortas durante a votação, quando os rebeldes atacaram eleitores a caminho das urnas.
Jonathan, cristão, sulista e iorubá, estaria sendo considerado nas urnas menos capaz do que o general Buhari, um ex-ditador linha-dura, muçulmano e nortista do povo hauçá-fulane, para derrotar o Boko Haram.
Ao mesmo tempo, o Movimento pela Emancipação do Delta do Rio Níger, a principal região petrolífera do maior produtor africano e uma das bases de Jonathan, ameaça retomar a luta armada se o atual presidente for derrotado.
Em 2011, quando Jonathan venceu Buhari, mais de 1,1 mil pessoas foram mortas na violência pós-eleitoral. Na segunda-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro do Exterior britânico, Philip Hammond, manifestaram preocupação com possíveis fraudes, manipulação dos resultados e conflitos.
O resultado final deve ser anunciado nesta terça-feira. Para evitar um segundo turno, o candidato mais votado precisa de 25% dos votos em dois terços dos 36 estados nigerianos e na capital, Abuja. Jonathan ganhou em Abuja e Buhari em Kano.
A maior cidade do país, Lagos, a ex-capital, um reduto de Jonathan, ainda não divulgou sua apuração. É a maior esperança de recuperação do presidente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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