Fumar maconha tende a acentuar os estados de euforia e depressão em pacientes com o chamado transtorno bipolar, concluiu uma pesquisa pioneira realizada nas universidades de Lancaster e de Manchester, na Inglaterra. O estudo foi publicado na revista científica digital Plos One.
Cerca de 2% da população do Reino Unido sofrem de distúrbio bipolar e 60% dos pacientes consumiram maconha em algum momento de suas vidas. Como a pesquisa é limitada pela proibição de uso da droga, as razões alegadas por quem fuma muito não foram esclarecidas.
"Uma hipótese para explicar os altos níveis de consumo é que as pessoas usem a cannabis como para se automedicar diante dos sintomas do transtorno bipolar", comentou a chefe da equipe, Drª Elizabeth Tyler, do Centro para Pesquisa de Doenças Mentais da Universidade de Lancaster. Também assinam o relatório os professores Steven Jones, também de Lancaster, e Christine Barrowclough, Nancy Black e Lesley Anne Carter, da Universidade de Manchester.
A pesquisa se concentrou nos pacientes que não tiveram surtos de euforia e depressão nos seis dias em que o estudo foi realizado. Cada participante foi orientado a tomar notas sobre seu estado de espírito em vários momentos do dia, registrando também o uso da droga.
"Eu fumo pequenas quantidades para melhorar o humor e me tornar levemente eufórico, mas melhora meu humor e me coloca num estado de espírito diferente", contou um paciente. "Não uso a erva para controlar a depressão porque ela pode torná-la pior, deixando-me ansioso e paranoico. Também descobri que, se fumar demais, fico deprimido durante vários dias."
O estudo mostra que o uso de maconha aumenta quando os pacientes estão de bom humor. O consumo da droga é associado a uma melhora no humor e a sintomas de euforia, e paradoxalmente aumenta os sintomas de depressão, mas não nos mesmos pacientes.
"A pesquisa sugere que a cannabis não está sendo usada como automedicação", conclui Elizabeth Tyler. "No entanto, o uso da cannabis pode ser associado tanto a estados emocionais positivos quanto negativos. Precisamos descobrir como essas relações acontecem em longo prazo porque podem ter um impacto no desenvolvimento do transtorno bipolar."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 13 de março de 2015
Maconha exacerba estados emocionais do transtorno bipolar
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