A ex-primeira-dama Hillary Rodham Clinton, candidatíssima à Casa Branca em 2016, improvisou uma entrevista coletiva confusa ontem na sede das Nações Unidas, em Nova York, para tentar justificar o uso de uma conta pessoal de correio eletrônico "por conveniência" quando era secretária de Estado no primeiro governo Barack Obama (2009-13). Ela entregou todas as mensagem, menos as de natureza "privada", como se lhe coubesse esse julgamento.
"Seria melhor ter usado uma conta do governo", admitiu Hillary, depois de afirmar que não usou sua conta pessoal para enviar material sigiloso nem violou nenhuma regra da administração pública dos Estados Unidos, informou o jornal The Washington Post.
A Casa Branca recomenda que os funcionários do Poder Executivo usem contas do governo, inclusive por questões de segurança. "Pensei que usando um equipamento só seria mais fácil", alegou a favorita do Partido Democrata para concorrer à Presidência dos EUA em 2016. Sua candidatura, a ser lançada em abril, já dá munição aos adversários.
Hillary entregou ao Departamento de Estado em dezembro mais de 60 mil mensagens de trabalho recebidas na sua conta pessoal entre março de 2009, quando foi empossada secretária de Estado, e o início de 2013, com a exceção das de "natureza privada", como o casamento da filha ou a morte da mãe.
"Para qualquer funcionário público, é sua responsabilidade determinar o que é pessoal e o que é trabalho", argumentou a ex-secretária de Estado. "Ninguém quer tornar públicas suas mensagens pessoais. Acredito que a maioria das pessoas entende e respeita essa privacidade. Não havia razão para salvar tudo."
De 62.320 mensagens, 31.830 foram consideradas privadas por Hillary e assessores jurídicos. São 55 mil páginas impressas. O problema é que há um evidente conflito de interesses no julgamento do que é ou não de interesse publico, especialmente no caso de uma candidata à Presidência dos EUA.
Há anos, oposição republicana tenta responsabilizar os cortes de gastos pelas falhas de segurança no Consulado Americano em Bengázi, na Líbia, que levaram à morte do embaixador e outros três americanos em 11 de setembro de 2012.
Com a revelação na semana passada de que Hillary usou uma conta pessoal, o deputado republicano Mike Pompeo, da comissão parlamentar de inquérito sobre o ataque terrorista, pediu uma auditoria externa sobre as mensagens excluídas pela ex-secretária.
Essa confusão entre o público e o privado traz de volta a memória dos escândalos do governo Bill Clinton (1993-2001) e será explorada pelos adversários de Hillary mesmo antes do anúncio oficial de sua candidatura.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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