Os aumentos nos preços dos alimentos durante os feriados do Ano Novo Lunar pressionaram a inflação na China. Em fevereiro de 2015, o índice de preços ao consumidor (varejo) subiu para 1,4%, depois de registrar 0,8% em janeiro, uma ameaça de deflação na segunda maior economia do mundo.
Sob o impacto da queda dos preços dos produtos primários, o índice de preços ao produtor (atacado) caiu 4,8% num ano, abaixo dos -4,3% de janeiro, indicando uma forte pressão deflacionária capaz de reduzir as margens de lucros das empresas, desestimulando o investimento, a produção e o consumo.
A China está enfrentando um excesso de oferta de produtos e de mão de obra que contém os preços. O risco é de uma espiral deflacionária como a que atingiu a economia do Japão nas últimas décadas causando estagnação.
Sem a onda consumista do Ano Novo Lunar, a tendência é que o índice de inflação no varejo volte a cair. Os alimentos puxaram os preços em fevereiro, com alta de 6,2% em frutas e hortaliças e 3,7% em pescado e frutos do mar, enquanto as carnes processadas ficaram 4% mais baratas.
Durante a sessão anual do Congresso Nacional do Povo que está em andamento em Beijim, o ministro do Trabalho, Yin Weimin, alertou para os problemas na geração de empregos, atribuindo-os "ao crescimento econômico mais lento, às crescentes pressões deflacionárias e à reestruturação da indústria".
O crescimento econômico e a geração de empregos são fundamentais para a legitimidade política do regime comunista chinês. A dúvida é que medidas adicionais de estímulo o governo vai tomar.
No ano passado, a China cresceu 7,4%, a menor taxa desde 1990, quando o país estava sob o impacto das sanções internacionais adotadas em represália pelo massacre na Praça da Paz Celestial, em junho de 1989. Agora, durante a reunião do Congresso, o primeiro-ministro Li Keqiang reduziu a meta de crescimento em 2015 para 7%. O Fundo Monetário Internacional prevê 6,8%.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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