domingo, 1 de março de 2015

Rebeldes tuaregues examinam proposta de paz do Mali

A principal coligação de rebeldes tuaregues, inclusive o Movimento Nacional de Libertação de Azawade (MNLA), pediu tempo ao governo do Mali para responder a uma proposta de paz aceita por vários pequenos grupos armados em ação no Norte do país, noticiou hoje a televisão árabe Al Jazira.

Um acordo dará mais autonomia e mais representação no governo central à região do Norte do Mali que os tuaregues chamam de Azawade.

Mais conhecidos como os nômades do Deserto do Saara, os tuaregues são na verdade um povo bérbere seminômade originário da região de Targa, no Sul da Líbia, que se espalhou pela Argélia, Burkina Fasso, Chade, Líbia, Mali, Níger e Nigéria.

Os rebeldes iniciaram a guerra pela independência de Azawade em 16 de janeiro de 2012. Em 22 de março daquele ano, um golpe de Estado de militares descontentes com a falta de recursos para combater os rebeldes derrubou o ditador Amadou Touré na capital, Bamako, que fica no Sul do país.

Com o colapso do governo central, os rebeldes tomaram o Norte do Mali com o apoio de grupos jihadistas como a rede terrorista Al Caeda no Magreb. A história desse período, a vida sob o jugo de extremistas muçulmanos, está no filme Timbuktu, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro e não ganhou, mas levou sete Cesars na França.

Timbuktu é um patrimônio cultural da humanidade, uma cidade que ficava na rota das caravanas que cruzavam o Deserto do Saara rumo ao Egito. No seu apogeu, no fim da Idade Média e início da Idade Moderna, tinha uma das maiores bibliotecas do mundo, parcialmente destruída pelos jihadistas, assim como mesquitas históricas sufistas, uma corrente do islamismo repudiada pelos salafistas da rede Al Caeda.

Quando os rebeldes e os jihadistas avançaram rumo à capital, a França interveio militarmente em 11 de janeiro de 2013 em apoio ao governo central. Em junho, foi assinado um acordo de paz repudiado pelos rebeldes em setembro daquele mesmo ano.

As atuais negociações, realizadas na Argélia com mediação das Nações Unidas, são mais uma tentativa de pôr fim à guerra na região do Sahel, onde a miséria e o subdesenvolvimento criaram um ambiente fértil para o extremismo muçulmano, do Boko Haram, na Nigéria; a Al Chababe, na Somália.

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