Mais de 50 mil manifestantes marcharam ontem pelas ruas de Moscou em protesto contra a morte do líder oposicionista Boris Nemtsov, abatido com quatro tiros na última sexta-feira à noite numa ponte a dezenas de metros das muralhas do Kremlin.
As imagens das câmeras de segurança mostram um homem se aproximando de Nemtsov, que caminhava com a namorada, uma modelo ucraniana, e disparando várias vezes. Em seguida, ele foge num carro branco que passa.
No domingo, Nemtsov seria o principal orador numa manifestação para denunciar o presidente Vladimir Putin, responsabilizando-o pela guerra na Ucrânia. Com o assassinato, o ato de protesto foi transformado num funeral. Entre a multidão, a imensa maioria culpa o governo pela morte do líder da oposição.
"A Rússia nunca mais será a mesma", declarou o ex-primeiro-ministro Mikhail Kassianov durante a manifestação. Outro líder da oposição, Guenadi Gukov, afirmou que "as autoridades são corruptas e não permitem que nenhuma ameaça contra elas emerja. Boris as incomodava."
O governo russo alega que o assassinato foi uma "provocação", um morte sob encomenda para a culpa recair sobre o Kremlin. Só falta dizer que foram agentes estrangeiros. A investigação oficial parte da premissa de que "Nemtsov tinha vários inimigos".
Ele era judeu. Poderia ter sido alvo de extremistas muçulmanos. Apoiou os chargistas do Charlie Hebdo depois do atentado terrorista de 7 de janeiro de 2015. Como era contra a intervenção militar da Rússia na Ucrânia, pode ter sido atacado por um nacionalista exaltado pela propaganda oficial.
A exemplo de assassinatos políticos anteriores na Rússia, esse tem tudo para ser mais um que jamais será resolvido.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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