O Rio de Janeiro foi batizado pela expedição exploradora de 1501-02, que nomeou os acidentes geográficos da costa do Brasil e chegou à Baía de Guanabara em 1º de janeiro. A primeira tentativa europeia de povoar a região foi a França Antártica, fundada por Nicolau Durand de Villegagnon.
A invasão francesa chegou no Cabo Frio em 10 de novembro de 1555 e quatro dias depois ao Rio de Janeiro ou à Guanabara, conforme o relato de André Thevet no livro Singularidades da França Antártica: o Brasil dos canibais do século 16. Foi um dos livros que forjaram a imagem do Novo Mundo como um continente canibalismo e selvageria, em contraste com a piedosa Europa, de onde vieram os colonizadores que massacraram os índios e sua cultura e os refugiados das guerras entre cristãos e protestantes.
"Não havendo maior comodidade para ficar em Cabo Frio, era o caso de deixar aquele lugar e procurar outro, apesar do grande lamento da gente local, que esperava de nós uma estada mais longa e uma aliança durável, de acordo com a promessa que havíamos feito na chegada.
"De lá, viajamos quatro dias até nos encontrarmos diante deste grande rio chamado de Guanabara pelos nativos, pela semelhança que tem com um lago, ou Janeiro por aqueles que primeiro descobriram este país. distante cerca de 30 léguas (97,4 km) do local de onde havíamos partidos. No caminho, o vento contrário nos retardou.
"Tendo passado por várias pequenas ilhas ao longo da costa e do estreito de nosso rio, largo como um tiro de arcabuz, decidimos entrar nesse estreito e chegar com nossos barcos até a terra, onde os habitantes nos receberam da maneira mais humana que lhes seria possível.
"Como tinham sido avisados da nossa chegada, construíram um belo palácio de acordo com os costumes do país, atapetaram o chão com folhas de árvores e ervas aromáticas como forma de congratulação, mostrando de sua parte grandes sinais de alegria e nos convidando a fazer o mesmo."
O espírito do Carnaval já estava aqui.
"Os mais velhos principalmente, que são tratados como reis e governadores, vinham nos ver com grande admiração e nos saudavam à sua moda e em sua língua. Depois nos conduziram ao local que haviam preparado. Nesse lugar, eles nos ofereceram víveres de todas as formas, como a farinha de uma raiz que chamam de mandioca e outras raízes grossas, boas e agradáveis de comer, e outras coisas do país. De maneira que tendo chegado, depois de haver louvado e agradecido (como verdadeiros cristãos devem fazer) Àquele que pacificou o mar e o vento, que nos deu todos os meios de realizar uma bela viagem era hora de se recrear e repousar sobre a grama verde. (...)"
"Depois de dois meses de busca tanto em ilhas quanto em terra firme, o país a nosso redor foi batizado como França Antártica, onde não se encontraria lugar melhor para construir e se fortificar era uma pequena ilha de apenas uma légua de perímetro situada perto da embocadura daquele rio de que falamos, onde por essa razão foi erguido um forte batizado como Coligny."
O almirante Gaspar de Coligny, que seria uma das vítimas do massacre dos huguenotes (protestantes), na noite de São Bartolomeu, em 1572, foi um dos principais incentivadores da França Antártica.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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