O alarme antiaéreo voltou a soar hoje nas Colinas do Golã. Israel interceptou mais um foguete vindo da Síria. O número crescente de ataques e contra-ataques indica uma escala da intervenção militar israelense na Síria, onde tenta impedir que o Irã instale bases militares permanentes perto de suas fronteiras.
Depois da morte de militares iranianos em bombardeios israelenses a bases sírias, em 10 de maio, o Irã e a Síria lançaram um ataque retaliatório contra Israel com pelo menos 20 foguetes. Em resposta, o governo israelense lançou forte contra-ataque. O ministro da Defesa ultradireitista, Avigdor Lieberman, declarou que "quase toda a infraestrutura iraniana na Síria" foi alvejada.
Israel e o Irã travam assim uma guerra limitada no meio da guerra civil síria. Em fevereiro, o sistema de defesa antiaérea israelense abateu um drone armado iraniano vindo da Síria. Foi a primeira vez que o regime fundamentalista iraniano atacou Israel diretamente. Fazia isso através de aliados como a milícia extremista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) e o Movimento de Resistência Islâmica palestino (Hamas).
A Força Aérea de Israel contra-atacou a base de onde partiu o drone e lançou novos ataques a alvos iranianos. Em 29 de abril, um bombardeio a um quartel em Homs, no Centro da Síria, matou 26 militares sírios e iranianos. Em 8 de maio, foram pelo menos 15 mortes em ataques a bases situadas em Damasco e 42 no grande ataque da quinta-feira, 10 de maio.
Ao retirar os Estados Unidos do acordo nuclear negociado pelo Irã com as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), de certa forma, o presidente Donald Trump endossou a política de confrontação com o Irã do primeiro-ministro linha-dura israelense, Benjamin Netanyahu.
O risco de uma guerra direta entre Israel e o Irã é de uma conflagração generalizada no Oriente Médio, já que o Irã tem forte presença entre os xiitas no Iraque, na Síria e no Líbano, além de aliados extremistas sunitas como o Hamas.
Em caso de guerra, Israel poderia ter de lutar em três frentes, contra as forças iranianas na Síria, contra o Hamas na Faixa de Gaza, no Sul do país, e contra o Hesbolá no Norte, na fronteira com o Líbano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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