O candidato populista de esquerda José Manuel López Obrador pode não apenas ser eleito presidente do México em 1º de julho. Pode conseguir maioria na Câmara e no Senado, indica uma pesquisa do instituto Consulta Mitofsky. Assim, se for eleito, poderá revogar as reformas de educação e energia feitas pelo atual governo, uma promessa de campanha.
A pouco mais de um mês da eleição, López Obrador lidera com uma vantagem média de dez pontos dependendo da pesquisa. Durante a campanha, ele prometeu auditar os contratos de petróleo e gás do atual governo, de Enrique Peña Nieto, reduzir o preço dos combustíveis e os gastos públicos. Tudo isso, inclusive a revogação das reformas nos setores de educação e energia, depende da aprovação do Congresso.
Se a coalização liderada pelo Movimento de Regeneração Nacional (Morena) conquistar maioria apenas na Câmara, ficará sob pressão dos grandes partidos de centro-direita, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México de 1929 a 2000 e voltou ao poder em 2012, e o Partido de Ação Nacional (PAN), que governou de 2000 a 2012.
Duas pesquisas recentes dão 60 das 128 cadeiras do Senado e uma pequena maioria 260 das 500 cadeiras da Câmara dos Deputados à aliança entre o Morena, o Partido Encontro Social e o Partido do Trabalho, que apoia a candidatura presidencial de AMLO, como é conhecido no México. A confirmação dessas previsões nas urnas facilitariam a aprovação de novas leis.
Os investidores estrangeiros temem mais a aprovação de leis restritivas do que as auditorias porque tem impacto em prazos mais longos. As classes empresariais apostam em Ricardo Anaya, ex-presidente da Câmara, candidato do PAN.
A renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte imposta pelo presidente Donald Trump, além dos insultos aos imigrantes mexicanos desde o lançamento da campanha, favorecem a campanha de um candidato de esquerda no México. Quem quer que seja o vencedor, o Morena sairá fortalecido.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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