Sob aplausos do primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, os Estados Unidos transferiram hoje a Embaixada de Israel de Jerusalém para Telavive, com a presença de 800 convidados, inclusive o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, o subsecretário de Estado, John Sullivan, a filha do presidente Donald Trump, Ivanka Trump, e seu marido, Jared Kushner, enviado especial para a paz no Oriente Médio.
"Só se pode construir a paz com base na verdade", declarou Netanyahu, afirmando que a medida contribui para a paz no Oriente Médio, enquanto o Exército de Israel matava dezenas de palestinos que protestavam junto à fronteira da Faixa de Gaza. "Jerusalém é e será sempre a capital de Israel."
Nos EUA, Trump alegou que Israel é um país soberano e tem o direito de instalar a capital onde quiser, contrariando uma política externa de 70 anos. Desde sua fundação, Israel declarou que Jerusalém seria sua capital, mas a resolução das Nações Unidas que criou o país queria transformá-la numa cidade internacional.
Para todos os efeitos, a capital da Israel era Telavive. Depois de ocupar o setor oriental (árabe) de Jerusalém na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel aprovou uma lei em 1980 proclamando a cidade unificada pela força como capital do país.
Até hoje, nenhum dos 86 países com relações diplomáticas com o Estado judaico tinha embaixada em Jerusalém por causa do status de cidade ocupada da parte oriental. Depois dos EUA, a Guatemala e o Paraguai declararam a intenção de seguir o exemplo.
"Que dia de glória!", festejou Netanyahu. "Relembrem este momento histórico. Presidente Trump, ao reconhecer a história, você fez história."
Desde que Trump anunciou a transferência da embaixada, o movimento nacional palestino acusa os EUA de se desqualificarem como mediadores do processo de paz. Para os líderes da Autoridade Nacional Palestina, Trump acabou com a esperança de uma paz baseada na convivência de dois países, um árabe e outro judaico, no território histórico da Palestina.
Com 900 mil habitantes, cerca de 10% da população do país, Jerusalém é hoje a maior cidade de Israel. Os judeus são 62,3% da população da cidade, em comparação com 69,5% 20 anos atrás. A população palestina cresceu de 30,5% para 37,7%. Há 150 anos, os judeus são maioria na cidade.
Além da criação de uma pátria palestina e do futuro status de Jerusalém, a colonização dos territórios árabes ocupados e o direito de retorno dos palestinos expulsos de suas casas e terras desde a fundação de Israel são os maiores obstáculos à paz entre árabes e judeus.
De 2009 a 2014, o número de colonos israelenses na Cisjordânia ocupada cresceu 25% para cerca de 356 mil. A população palestina no território era de 2,72 milhões. A população total de Israel, excluídos os territórios ocupados era de 8,13 milhões; hoje se aproxima de 9 milhões.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
Julio Cesar estava certo, dividir para conquistar. Hamas, hesbola, autoridade palestina.... Agora, os palestinos devem se contentar com o pouco que lhes restam.
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