Para pressionar o Canadá e o México na renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), os Estados Unidos ameaçam aumentar para 25% a tarifa de importação de veículos. Hoje, a taxa é de 2,5%. O governo Donald Trump quer abolir as tarifas no comércio de veículos leves.
Como no caso da sobretaxação das importações de aço e alumínio, para evitar problemas com a Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo Trump pode invocar a segurança nacional para justificar o tarifaço. As ações das empresas da Europa que exportam automóveis para os EUA caíram 1%.
A renegociação do Nafta começou há pouco mais de nove meses e deve continuar em 2019, admitiu nesta semana o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin.
Os EUA também querem que o México aumente o conteúdo de componentes americanos nos veículos fabricados no país. Outra exigência americana é que o Nafta seja renegociado a cada cinco anos.
No passado, o México ameaçou retaliar reduzindo a importação de produtos agropecuários dos EUA. Em 2017, os mexicanos compraram quase US$ 19 bilhões dos EUA em milho, soja e laticínios. Com base na Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio, de 1962, no auge da Guerra Fria, o presidente dos EUA pode restringir importações que possam "prejudicar a segurança nacional".
É difícil imaginar qualquer ameaça à segurança nacional dos EUA vinda de carros importados do México. "Não passa de uma piada", comentou William Reinsch, negociador comercial no governo Bill Clinton (1993-2001).
Uma das razões do Nafta foi promover o desenvolvimento e gerar empregos no México para reduzir a imigração ilegal e criar uma economia mais integrada na América do Norte.
Trump tem uma visão mercantilista do comércio internacional e quer levar vantagem em tudo. Sua estratégia é negociar acordos bilaterais ou com poucos parceiros para conseguir impor suas exigências. Pressionou a Coreia do Sul quando o país estava sob ameaça da Coreia do Norte. Como disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ex-primeiro-ministro da Polônia, "com aliados assim, quem precisa de inimigos?"
Em 2017, os EUA importaram carros no valor de US$ 192 bilhões. As maiores exportadores foram México, Canadá, Japão e Alemanha. Um tarifaço vai atingir as empresas americanas com fábricas no México e no Canadá.
"É um dia ruim para o consumidor americano", declarou John Bozzella, diretor-geral da Global Automakers, que representa vários fabricantes estrangeiros. "Ninguém estava pedindo esta proteção. Este caminho leva inevitavelmente a menos opções e maiores preços para carros e caminhões nos EUA."
A estratégia de negociação comercial de Trump está sendo criticada dentro do próprio Partido Republicano. Os senadores republicanos entendem que o presidente está perdendo a guerra comercial que deflagrou com a China. A revolta é contra a desistência do presidente de banir do mercado americano a companhia chinesa de alta tecnologia ZTE.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Trump ameaça com tarifaço de 25% sobre carros para pressionar México
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