Num gesto de boa vontade, o regime comunista da Coreia do Norte libertou três coreano-americanos que viajam de volta para os Estados Unidos junto com o secretário de Estado, Mike Pompeo, que foi acertar detalhes do encontro de cúpula do presidente Donald Trump com o ditador Kim Jong Un, anunciou o próprio Trump hoje no Twitter.
"Tenho o prazer de informar que o secretário de Estado, Mike Pompeo, está no ar de volta da Coreia do Norte com três calheiros maravilhosos que todos estão querendo encontrar. Eles parecem estar bem de saúde. Também [houve] bom encontro com Kim Jong Un. Data e lugar marcados", escreveu Trump pela manhã.
Em campanha para não perder a maioria na Câmara e no Senado nas eleições de meio de mandato, em novembro, Trump vai receber os ex-reféns da ditadura stalinista norte-coreana às 2h de quinta-feira na base aérea de Andrews, perto de Washington (3h em Brasília).
Trump considera a negociação direta com Kim sua maior vitória em política externa. Mas é altamente improvável que o regime comunista de Pyongyang esteja disposto a aceitar uma desnuclearização depois de investir tanto nas armas atômicas como garantia de sobrevivência.
Desde o anúncio do histórico encontro de cúpula das duas Coreias, em 27 de maio, a Coreia do Norte propôs fechar sua instalação de testes nucleares, suspender os testes nucleares e de mísseis e, por fim, desnuclearizar a Península Coreana.
É uma mudança significativa no discurso. No ano passado, a Coreia do Norte exigia o reconhecimento como potência nuclear. Agora, promete uma série de concessões. Ainda não disse o que quer em troca.
Kim fez há dois dias outra visita secreta ao ditador da China, Xi Jinping, em Beijim. Xi é um protetor e interessado direto nas negociações para evitar uma nova guerra na Coreia e, se possível, reduzir a presença militar dos EUA na Coreia do Sul.
Os EUA devem rejeitar uma exigência de retirada total das tropas americanas, mas o governo Trump está otimista. O novo assessor de Segurança Nacional, John Bolton, notório linha-dura, falou em usar o modelo das negociações com a Líbia.
Como o ditador líbio Muamar Kadafi foi deposto e morto em 2011 por uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, Kim certamente não vai querer seguir o mesmo roteiro.
O atual ditador norte-coreano chegou ao poder em dezembro de 2011, com a morte do pai, e acelerou os programas nucleares e de mísseis para não ter o mesmo destino de Kadafi, que abriu mão de suas armas de destruição em massa e se tornou aliado do Ocidente na guerra contra o terrorismo islâmico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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