domingo, 20 de maio de 2018

Oposição da Venezuela denuncia coação na eleição presidencial

Na mais escandalosa fraude eleitoral desde a redemocratização da América Latina no fim da Guerra Fria, o ditador Nicolás Maduro armou uma farsa para desgovernar a Venezuela por mais seis anos. O regime chavista vetou os principais candidatos da oposição, antecipou a data da eleição presidencial e botou Maduro dez vezes na cédula de votação.

Hoje a ditadura exigiu que os eleitores provassem sua lealdade ao regime chavista para continuar recebendo benefícios sociais em meio à pior crise econômica da história contemporânea da América Latina, denunciou a oposição consentida, citada pelo jornal Tal Cual.

O governo proibiu a presença de jornalistas nas zonas de votação para evitar a divulgação de imagens de lugares vazios. As fotos dos jornais da Venezuela mostram zonas eleitorais vazias e até mesmo um mesário dormindo. As seções eleitorais ficaram abertas além da hora, mas tudo indica que o boicote defendido pela oposição deu resultado.

Como parte da farsa, numa cena patética, o próprio ditador foi filmado acenando para uma multidão inexiste na saída de sua seção eleitoral, revelou o jornal El Nacional.

Os principais candidatos da oposição seriam:
• o ex-governador Henrique Capriles, derrotado nas duas últimas eleições presidenciais e banido da vida pública por 15 anos em 2017;
• Leopoldo López, preso desde 2014, hoje em prisão domiciliar, foi condenado a 13 anos e 9 meses de prisão pela acusação de incitar à violência que causou 43 mortes durante manifestações de protesto; e
• Freddy Guevara, o vereador mais votado da história da Venezuela, hoje deputado da Assembleia Nacional eleita democraticamente, também acusado de instigar a violência, está refugiado na Embaixada do Chile em Caracas.

Outro líder político importante, o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma fugiu da prisão domiciliar em 17 de novembro de 2017, foi para a Colômbia e se exilou na Espanha, onde mantém a luta pela democracia na Venezuela.

Mesmo assim, há pesquisas indicando a vitória do dissidente chavista Henri Falcón, que denunciou a coação em massa do eleitorado, junto com o outro candidato de oposição, o pastor evangélico Javier Bertussi.

Perto dos locais de votação foram instalados os chamados Pontos Vermelhos. Sob toldos vermelhos, funcionários públicos e militantes chavistas escaneavam os carnês da pátria dos eleitores, usados para ter acesso aos programas sociais. Quem votar hoje terá direito a um "bônus" no valor equivalente a oito dólares.

Para ganhar benefícios neste valor, o eleitor precisava fotografar o voto e enviar via Internet para um endereço indicado. Dentro das cabines de votação, agentes do governo "orientavam" os eleitores sobre como votar em Maduro para não perder as vantagens.

Os Estados Unidos, a União Europeia, o Parlamento Europeu, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte, não vão reconhecer o resultado da eleição na Venezuela.

Em várias cidades do mundo, como Bogotá, Miami e Madri, venezuelanos no exílio denunciaram a farsa eleitoral madurista, noticiou o jornal venezuelano La Patilla. Cerca de 300 pessoas se concentraram diante do Consulado da Venezuela em Miami, onde vive a maior comunidade venezuelana nos Estados Unidos.

"Não há saída eleitoral. Nós, venezuelanos, não podemos sozinhos", afirmou o ex-prefeito de Chacao Ramón Muchacho, para em seguida pedir intervenção humanitária para salvar vidas." A multidão, em coro, pediu "intervenção militar". Até o meio da tarde, só oito dos 19 mil venezuelanos registrados haviam votado em Miami.

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