O reino do Marrocos fechou ontem sua embaixada em Teerã e retirou o embaixador, rompendo relações com o Irã. O ministro do Exterior marroquino, Nasser Bourita, acusou a república islâmica de fornecer armas para a Frente Polisário, que luta pela independência da República Árabe Saariana Democrática no Saara Ocidental, antigo Saara Espanhol, especialmente mísseis terra-ar, através da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).
As relações bilaterais são difíceis há muito tempo. Em 2009, o Marrocos rompeu com o Irã por causa do apoio do regime fundamentalista iraniano a uma rebelião xiita no Bahrein. Na época, também acusou o Irã de tentar converter os marroquinos ao xiismo.
O Marrocos ocupa a maior parte do Saara Ocidental desde 1975, quando a Espanha abandonou a antiga colônia com a morte do ditador Francisco Franco. Em 1991, depois de anos de guerra da Frente Polisário contra os vizinhos Marrocos e Mauritânia, houve uma trégua dentro de um processo de paz conduzido pelas Nações Unidas. Mas o Marrocos nunca permitiu a realização de um plebiscito para que o povo saariano decidisse a questão da independência.
Em maio de 2005, o conflito ressurgiu como a Intifada da Independência e durou até novembro daquele ano. Desde então, houve várias ondas de protesto dos saarianos contra a dominação marroquina.
No mês passado, o Marrocos denunciou às Nações Unidas a ajuda da Argélia à Frente Polisário. Para contrabalançar a influência argelina, o Marrocos procura o apoio dos Estados Unidos da França e do Conselho de Cooperação do Golfo, liderado pela Arábia Saudita.
Sob a liderança do jovem príncipe herdeiro, Mohamed ben Salman, os sauditas lideram uma aliança sunita contra a expansão iraniana no mundo árabe e muçulmano. A Argélia é aliada do Irã.
Assim, a Arábia Saudita elogiou imediatamente a decisão do Marrocos de romper com o Irã. O governo marroquino espera agora auferir benefícios dados pela Arábia Saudita em razão do rompimento com Teerã.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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