segunda-feira, 21 de maio de 2018

EUA fazem exigências para novo acordo nuclear com o Irã

Em seu primeiro discurso como secretário de Estado americano, Mike Pompeo ameaçou hoje impor sanções "sem precedentes" ao Irã e apresentou uma lista de 12 exigências do governo Donald Trump para os Estados Unidos assinarem um novo acordo nuclear com a República Islâmica. 

Essas exigências incluem a retirada das forças iranianas da Síria e o fim do apoio a grupos extremistas como a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) e o Movimento de Resistência Islâmica palestino (Hamas).

O anúncio deixou claro que o governo Trump não vai renegociar o Plano de Ação Conjunto e Amplo, o acordo firmado em 2015 pelas cinco grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia), a Alemanha e o Irã para congelar os aspectos militares do programa nuclear iraniano por 10 anos.

Trump retirou os EUA do acordo em 8 de maio de 2018, alegando que não impede o desenvolvimento de mísseis nem a interferência da República Islâmica para "desestabilizar" outros países do Oriente Médio. Seu governo vai aumentar as sanções econômicas e militares ao Irã.

Entre as exigências, além da retirada da Síria e do apoio a grupos extremistas muçulmanos, estão parar de fornecer armas aos rebeldes hutis no Iêmen e o fim da ameaça de destruir Israel.

Veja a lista completa:
  1.  O Irã deve fazer uma prestação de contas total à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre as dimensões militares anteriores de seu programa nuclear e abandonar esse trabalho permanentemente e de maneira verificável.
  2. O Irã deve parar de enriquecer urânio e nunca reprocessar plutônio. Isto inclui fechar o reator de água pesada.
  3. O Irã deve oferecer à AIEA acesso irrestrito a todos os lugares através do país.
  4. O Irã deve parar com a proliferação de seus mísseis balísticos e suspender novos lançamentos e o desenvolvimento de mísseis com capacidade nuclear.
  5. O Irã deve libertar todos os cidadãos dos EUA, assim como os cidadãos de nossos parceiros e aliados, detidos sob acusações espúrias ou desaparecidos no Irã.
  6. O Irã deve parar de apoiar grupos terroristas no Oriente Médio, inclusive a milícia libanesa Hesbolá, o Hamas [Movimento de Resistência Islâmica, palestino] e a Jihad Islâmica para a Libertação da Palestina.
  7. O Irã deve respeitar a soberania do governo do Iraque e permitir o desarmamento, desmobilização e reintegração das milícias xiitas.
  8. O Irã deve acabar com seu apoio militar aos rebeldes hutis e trabalhar por uma solução política pacífica no Iêmen.
  9. O Irã deve retirar todas as forças sob comando iraniano na Síria.
  10. O Irã deve parar de apoiar os Talebã e outros [grupos] terroristas no Afeganistão e na região, e parar de dar refúgio à [rede terrorista] Al Caeda.
  11. O Irã deve parar com o apoio da Força Quods, da Guarda Revolucionária Iraniana, a terroristas e militantes.
  12. Deve cessar o comportamento ameaçador contra os vizinhos - muitos dos quais são aliados dos EUA. Isto certamente inclui as ameaças de destruir Israel e o disparo de mísseis contra a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Também inclui ameaças à navegação internacional e ataques cibernéticos destrutivos.
"O alívio das sanções virá quando virmos demonstrações tangíveis e mudanças substanciais nas políticas de Teerã", declarou o secretário de Estado na Heritage Foundation, um centro de pesquisas conservador com sede em Washington.

Pompeo insistiu que as exigências são necessárias por causa do "comportamento maligno" do Irã. Analistas internacionais consideram as exigências inaceitáveis, uma volta às políticas de "mudança de regime" pretendidas pelo governo George W. Bush (2001-9), que resultaram na catastrófica invasão do Iraque.

Os países europeus tentam salvar o acordo, mas é praticamente impossível. Se os EUA aplicarem sanções às empresas estrangeiras que negociam com o Irã, vetando seu acesso ao mercado consumidor e ao sistema financeiro americanos, as companhias vão optar por fazer negócios com os EUA.

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