terça-feira, 22 de maio de 2018

Trump admite adiar encontro com ditador da Coreia do Norte

Depois de cair na armadilha diplomática da China e da Coreia do Norte e aceitar se encontrar com o ditador norte-coreano, o que nenhum presidente dos Estados Unidos jamais fez no exercício do cargo, Donald Trump admitiu hoje que a reunião pode ser adiada.

"Há uma grande chance de que não funcione" em 12 de junho, reconheceu Trump ao receber o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae In, na Casa Branca numa tentativa de salvar a iniciativa.

Durante o ano passado, Trump e Kim Jong Un trocaram insultos e ameaças de guerra. No discurso de Ano Novo, Kim adotou uma linguagem conciliatória, manifestou o interesse em mandar uma delegação para a Olimpíada de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, e em se encontrar com o presidente sul-coreano, quebrando o gelo na relação entre os dois países.

Em carta enviada através de uma delegação da Coreia do Sul, Kim convidou Trump para um encontro. Para seduzir o presidente narcisista dos EUA, o regime stalinista de Pyongyang acenou com a possibilidade desnuclearização e de um acordo de paz definitivo com a Coreia do Sul. Os dois países não assinaram um tratado de paz desde a Guerra da Coreia (1950-53).

A euforia de Trump era tanta que seus partidários começaram a gritar durante seus comícios que o presidente americano merece o Prêmio Nobel da Paz, concedido a seu antecessor, Barack Obama. O encontro de cúpula das duas Coreias, realizado na cidade neutra de Panmunjon em 27 de abril, manteve o clima de degelo e reconciliação.

O otimismo em Washington era tanto que o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, notório linha-dura, especulou num programa dominical na semana passada que a desnuclearização da Coreia do Norte deveria seguir o "modelo da Líbia".

Diante da invasão do Iraque de Saddam Hussein, em 2003, o ditador líbio Muamar Kadafi decidiu se reaproximar do Ocidente, entregar suas armas de destruição em massa e colaborar na guerra contra o terrorismo. Oito anos depois, quando se preparava para massacrar rebeldes na Primavera Árabe, em 2011, foi alvo de uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, deposto e morto.

Naquele mesmo ano, Kim Jong Un chegou ao poder com a morte do pai, Kim Jong Il. Vendo o que acontecera com Kadafi, Kim acelerou os programas nuclear e de mísseis como única garantia de sobrevivência do regime comunista norte-coreano. O "modelo líbio" é tudo o que deseja evitar.

Na semana passada, a Coreia do Norte rejeitou a possibilidade de uma total desnuclearização incondicional, apesar da promessa americana de grandes investimentos para recuperar a economia do país.

Além de dinheiro, Trump promete agora "garantir sua segurança", se Kim concordar com uma "desnuclearização completa, verificável e irreversível". Mas seu jogo voltou à estaca zero.

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