Depois do início de negociações para evitar uma guerra comercial catastrófica para a economia mundial, os Estados Unidos e a China divulgaram hoje um comunicado conjunto declarando que os chineses vão "aumentar significativamente" as compras de produtos e serviços americanos. O conflito está adiado, mas a China não se comprometeu com a redução de US$ 200 bilhões exigida pelo governo Donald Trump.
A declaração saiu no fim de uma negociação de alto nível, com a participação do vice-primeiro-ministro chinês Liu He. O diálogo vai continuar. Trump quer a diminuição do saldo comercial chinês, que no ano passado chegou a US$ 375 bilhões.
Para pressionar a segunda maior economia do mundo, Trump ameaçou impor tarifas de importação sobre produtos chineses num total de US$ 150 bilhões, além de restrição de investimentos em setores estratégicos. A China prometeu reciprocidade e planejou impor tarifas, especialmente sobre produtos agrícolas de estados onde o presidente americano ganhou a eleição em 2016.
Desde o fim da Guerra Fria, os EUA eram a única superpotência econômica e militar. O extraordinário desenvolvimento chinês criou um rival capaz de superá-los. Entre outras questões, as tarifas e restrições de Trump visam a dificultar o desenvolvimento tecnológico da China, necessário para equilibrar o poderio militar das duas superpotências do século 21.
Ao entrar na Organização Mundial do Comércio OMC), em 2001, com o apoio dos EUA, a China deslanchou seu potencial econômico, ampliando o acesso ao mercado internacional e a seu mercado interno, de 1,25 bilhão na época e de 1,4 milhão de pessoas hoje.
Na realidade, a China volta a ocupar a posição de maior potência econômica e militar da Ásia, o antigo Império do Centro, que começou a desabar com a derrota para o Império Britânico nas Guerras do Ópio (1839-42 e 1856-60). O Projeto Maddison de Estatísticas Históricas da Universidade de Groningen, na Holanda, estima que a China fosse responsável por um terço da economia mundial 200 anos atrás.
O imperialismo ocidental e a industrialização da Europa e da América do Norte tiraram a China de sua posição de preeminência. Um objetivo central da revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung, que chegou ao poder em 1949, era acabar com a humilhação histórica a que o país foi submetido pelas potências ocidentais.
Com as reformas econômicas lançadas por Deng Xiaoping, em 1978, depois da caótica Revolução Cultural (1966-76) do maoísmo, a China cresceu durante 30 anos a taxas em torno de 10%, no mais rápido e extraordinário desenvolvimento econômico da história, para retomar seu lugar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 19 de maio de 2018
China rejeita exigência dos EUA para redução do saldo comercial
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