A Coreia do Norte ameaçou mais uma vez na manhã desta quinta-feira suspender a reunião de cúpula do ditador Kim Jong Un com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 12 de junho de 2018 em Cingapura.
O principal alvo da secretária-geral do Ministério do Exterior, Choe Son Hui, foi o vice-presidente Mike Pence por suas "observações estúpidas e descontroladas de que a Coreia do Norte pode acabar como a Líbia."
Como encarregado há anos das relações bilaterais, "não posso esconder minha surpresa com observações tão ignorantes e estúpidas jorrando da boca de um vice-presidente dos EUA", acrescentou Choe.
"Não estamos implorando por diálogo nem nos darmos ao trabalho de tentar persuadi-los se não quiserem sentar-se conosco. Se os EUA vão nos encontrar numa sala de reuniões ou num confronto nuclear, depende inteiramente dos EUA", acrescentou a declaração, divulgada pela agência oficial de notícias norte-coreana.
Depois de uma troca de insultos e ameaças de guerra por Kim e Trump no ano passado, desde o Ano Novo, o ditador norte-coreano mudou o tom, rompeu o congelamento nas relações com a Coreia do Sul, convidou o presidente americano para um encontro e se reuniu com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae In. Os dois prometeram negociar um acordo de paz definitivo na Guerra da Coreia (1950-53).
O governo Trump assumiu um tom imperial e triunfal, exigindo a total desnuclearização da Coreia do Norte como precondição para qualquer acordo. As claques do presidente chegaram a dizer em comício que ele merece o Prêmio Nobel da Paz.
Quando o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, notório linha-dura, citou a Líbia como modelo para a desnuclearização norte-coreana, o regime comunista de Pyongyang acendeu o alerta vermelho.
A queda e morte do ditador Muamar Kadafi, que tinha feito um acordo com as potências ocidentais para entregar suas armas de destruição em massa, em 2003, foi vista como uma advertência pelo regime stalinista da Coreia do Norte.
Kim Jong Un chegou ao poder em dezembro de 2011, dois meses após a morte de Kadafi, e decidiu acelerar os programas de armas atômicas e mísseis balísticos como última garantia de sobrevivência do regime. A Líbia é tudo o que ele pretende evitar. Seria sua própria morte e do regime.
Por isso, o clima de desconfiança está de volta. Trump atribuiu a mudança a uma jogada de mestre do ditador da China, Xi Jinping, maior aliado da Coreia do Norte. Deve prestar mais atenção nas besteiras de sua própria equipe.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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