A Força Aérea da Rússia lançou hoje uma segunda onda de ataques contra inimigos da ditadura de Bachar Assad na guerra civil da Síria. Os alvos foram diferentes grupos rebeldes e não apenas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, objetivo declarado oficialmente pelo presidente Vladimir Putin.
Ontem, os bombardeios aéreos russos alvejaram as cidades de Homs, Hama, Derá e Idlibe, onde não há uma presença significativa do Estado Islâmico. Em Homs, pelo menos 27 civis foram mortos.
Entre os alvos, estavam os rebeldes treinados pela CIA (Agência Central de Inteligência), o serviço de contraespionagem dos Estados Unidos. Hoje, os aviões russos também atacaram a cidade de Rakka, considerada a capital do califado do EI.
Os EUA acusam a Rússia de atacar os rebeldes moderados para transformar o conflito numa luta entre Assad e o EI, e apresentar o ditador como única alternativa ao terrorismo dos extremistas muçulmanos. Assim, o objetivo central da intervenção russa seria sustentar uma ditadura à beira do colapso.
Mais da metade das 250 mil mortes da guerra civil na Síria é atribuída ao regime. Desde o início do conflito, há quatro anos e meio, Assad faz um terrorismo de Estado, bombardeando e massacrando seu próprio povo, enquanto acusa toda oposição de terrorismo. Como Assad, a Rússia chama todos os rebeldes de "terroristas".
"A Rússia está fazendo o mesmo que a Turquia, que entrou na guerra a pretexto de combater o Estado Islâmico, mas está atacando os curdos", declarou à televisão americana CNN o deputado democrata Adam Schiff, da Comissão das Forças Armadas da Câmara de Representantes dos EUA.
Os EUA, a Europa e seus aliados sunitas estão irritados, mas sem ação, diante dos múltiplos desafios colocados pela intervenção da Rússia:
• O objetivo central do Kremlin é sustentar a ditadura de Assad.
• A maioria dos ataques não foi contra alvos do Estado Islâmico.
• A Rússia não está coordenando seus ataques com a coalizão liderada pelos EUA.
• Os EUA só foram avisados uma hora antes do ataque russo.
• Sob a alegação de que a ditadura é o governo legítimo da Síria, a Rússia exige que a coalizão aérea liderada pelos EUA fique fora do espaço aéreo sírio.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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