quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Intifada das facas já matou 7 israelenses e 27 palestinos

Depois de uma reunião de emergência do gabinete, o governo de Israel autorizou a polícia a fechar o setor árabe de Jerusalém para tentar conter o que parece uma revolta generalizada dos palestinos contra a ocupação, uma nova intifada, desta vez com o uso de facas como principais armas.

Pelo menos três israelenses foram mortos ontem, em mais um Dia da Ira convocado por grupos que lutam pela independência da Palestina. Desde 1º de outubro, sete israelenses e 27 palestinos, entre eles nove agressores e oito crianças, foram mortos na nova intifada. A maioria dos ataques foi cometida por jovens árabes que moram nas grandes cidades israelenses, Jerusalém e Telavive.

O vice-líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, prometeu denunciar Israel perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) por "execuções sumárias".

A violência é resultado da total estagnação do processo de paz. Nas últimas eleições israelenses, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se aliou a partidos que não admitem devolver a Cisjordânia, ocupada na Guerra dos Seis Dias, em 1967, inclusive o setor oeste de Jerusalém, junto com a Faixa de Gaza e as Colinas do Golã, anexadas em 1981 à revelia da Síria.

Com medo de que a revolta e a violenta repressão criem um clima político favorável a grupo extremistas como o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e a Jihad Islâmica, vários países árabes, entre eles a Arábia Saudita e o Egito, líderes do mundo árabe, pediram moderação ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

A primeira intifada (revolta das pedras) contra a ocupação israelense foi deflagrada em 1987 e levou à declaração de independência da Palestina feita por Yasser Arafat um ano depois, em 15 de novembro de 1988. Depois da Guerra do Golfo de 1991, os Estados Unidos decidiram promover um processo de paz que levou aos acordos de Oslo em 1993 e 1994 e à criação da ANP.

A segunda intifada foi deflagrada por uma visita do então líder da oposição conservadora, Ariel Sharon, ao Muro das Lamentações, em 28 de setembro de 2000, depois do fracasso das negociações de paz promovidas pelo então presidente americano, Bill Clinton. Como primeiro-ministro, Sharon retirou as forças de Israel da Faixa de Gaza e fundou um partido mais ao centro para negociar a paz antes de sofrer um acidente vascular cerebral, em 2006, que o deixou em coma por oito anos até a morte.

Nos últimos anos, Netanyahu domina a política israelense. Está preocupado com o programa nuclear do Irã, com a guerra civil na Síria e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Negligencia a questão palestina como um problema menor que não ameaça a segurança de Israel. Mas os órfãos dos acordos de Oslo estão nas ruas de Israel descarregando sua raiva e frustração. É deste clima de revolta generalizada que grupos extremistas como o Estado Islâmico se alimentam.

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