quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Obama adia retirada dos EUA do Afeganistão

Diante dos avanços recentes da milícia dos Talebã (Estudantes) e da infiltração da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante no país, o presidente Barack Obama decidiu adiar a retirada das forças dos Estados Unidos do Afeganistão. 

Os 9,8 mil soldados americanos presentes hoje no país serão mantidos em 2016. Ao sair da Casa Branca, em janeiro de 2017, Obama vai deixar 5,5 mil militares na Guerra do Afeganistão, que já é a mais longa da história dos EUA, a um custo estimado em US$ 14,6 bilhões por ano.

"As forças afegãs ainda não são fortes como precisam ser", admitiu o presidente hoje de manhã em declaração citada pelo jornal The Washington Post. "Enquanto isso, os Talebã obtiveram vitórias, especialmente em zonas rurais, e ainda podem lançar ataques mortais contra cidades, inclusive Cabul."

Desde sua primeira campanha eleitoral para presidente, em 2008, Obama promete retirar as forças americanas do Afeganistão e do Iraque. O anúncio de hoje significa que desistiu.

Com a ofensiva do Estado Islâmico no Iraque de junho do ano passado, desde agosto de 2014, a Força Aérea dos EUA lidera uma coalizão que bombardeia posições do grupo jihadista. Os EUA aumentaram sua presença militar no Iraque, que tinha sido reduzida a um pequeno contingente destinado apenas a proteger a embaixada.

Em maio de 2014, Obama anunciou a retirada dos EUA do Afeganistão até o fim de 2015. A partir daí, ficariam no país apenas mil soldados para proteger a embaixada americana e colaborar no treinamento das forças de segurança afegãs.

A manutenção das tropas americanas é um atestado claro de que os EUA não confiam na capacidade do governo do Afeganistão de garantir a segurança no país e evitar a retomada do poder por extremistas muçulmanos.

Obama deixou claro que os EUA só vão sair totalmente do Afeganistão "quando houver um acordo político", um acordo de paz entre o governo e os Talebã. O anúncio da morte do mulá Omar, fundador da milícia, alimentou as esperanças de negociações, mas o novo líder, mulá Akhtar Mansur, precisa se firmar atacando.

Desde o início do verão no Hemisfério Norte, os Talebã lançaram ataques em várias regiões do Afeganistão e hoje controlam mais território do que em qualquer outro momento desde que foram derrubados pela invasão americana de outubro de 2001 para vingar os responsáveis pelos atentados de 11 de setembro.

No fim de julho, os Talebã tomaram vários distritos da província de Fariabe, no Norte do Afeganistão, junto à fronteira com a ex-república soviética do Turcomenistão. Também lançaram um ataque em várias frentes contra Kunduz, uma capital de província do Nordeste afegão, que chegaram a controlar por quatro dias antes de serem expulsos com o apoio da Força Aérea dos EUA que bombardeou um hospital da organização não governamental Médicos sem Fronteiras, matando 22 pessoas. Os MSF denunciaram o ataque como crime de guerra.

Desde julho, vários distritos da província de Baghlã, no Nordeste, caíram em mãos dos jihadistas. A rede Hakkani, ligada ao Exército do Paquistão, lançou vários ataques contra bases militares na capital, Cabul, e na província de Khost.

Entre julho e setembro, extremistas leais ao Estado Islâmico reivindicaram o controle sobre sete distritos da província de Nagahar, que fica junto à fronteira paquistanesa, no Leste do Afeganistão. Em agosto, os Talebã ocuparam dois distritos da província de Helmand, no Sul do país.

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