Ao contrário do que previam as pesquisas de opinião, o candidato oficial Daniel Scioli, o governador da província de Buenos Aires, ficou longe de vencer a eleição presidencial da Argentina no primeiro turno. Terá de disputar o segundo turno com o prefeito da capital, Mauricio Macri, em 22 de novembro.
Com 95,16%% das urnas apuradas, Scioli tem uma pequena vantagem. Soma 8.771.832 votos (36,63%) contra 8.273.582 (34,55%) de Macri, enquanto o deputado Sergio Massa confirma a posição de terceira força com 5.099.903 (21,3%), o que o qualifica como fiel da balança no segundo turno.
Será a primeira vez que uma eleição presidencial argentina será decidida na segunda votação. O segundo turno foi introduzido na eleição de 1995, junto com o direito à reeleição. Carlos Menem ganhou no primeiro turno. O mesmo aconteceu com Fernando de la Rúa em 1999. Na eleição de 2003, Carlos Menem desistiu do segundo turno, dando a vitória a Néstor Kirchner, que tivera apenas 22% no primeiro turno.
O resultado de hoje é uma derrota para a Frente para a Vitória, aliança liderada pela presidente Cristina Kirchner, que sonhava com uma vitória no primeiro turno. Só a uma da madrugada, com 80% dos votos apurados, Scioli ultrapassou Macri.
A FPV também perde a eleição para governador da província de Buenos Aires. María Eugenia Vidal, da aliança Cambiemos (Mudemos), liderada por Macri, obteve cerca de 40% dos votos contra 35% do ministro-chefe do Gabinete, equivalente ao chefe da Casa Civil no Brasil, Aníbal Fernández.
No Luna Park, em Buenos Aires onde o caudilho Juan Domingo Perón conheceu María Eva Duarte, a Evita, para formar o casal mítico da política argentina, hoje sede da campanha kirchnerista, o ambiente era de consternação.
Scioli foi convocou a militância para a batalha do segundo turno defendo as estatizações de empresas da era Kirchner: "Se fosse com Macri, não teríamos AUH, YPF, Aerolíneas Argentinas nem a recuperação da ANSES"(Administração Nacional de Seguridade Social).
Ao lado de Diego Maradona, o candidato ofical acrescentou: "Como dizia Perón, todos unidos triunfaremos. Creio além do mais, como dizia Alfonsín, que com a democracia se cura, se come e se educa. E como Néstor, que as convicções não se deixam no palácio. E como Cristina, que a Pátria é o outro."
Macri declarou: "O que aconteceu hoje muda a política neste país." Ele agradeceu o voto útil "àqueles que votaram em mim mesmo achando que eu não era o melhor candidato". E manifestou a esperança de que será capaz de catalisar a oposição e receber no segundo turno a maioria dos votos de Massa e dos candidatos menos votados para construir a "Argentina que sonhamos".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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