Depois de 36 dias, o músico luso-angolano Luaty Beirão encerrou ontem uma greve de fome de protesto contra sua prisão preventiva. Ele e outros 15 ativistas angolanos estão presos desde junho sob a acusação de conspirar para derrubar a ditadura de Angola, informa o boletim de notícias Portugal Digital.
Muito fraco, Beirão foi internado numa clínica de Luanda, a capital angolana, sob custódia policial. Em carta divulgada hoje, o artista afirma que a greve de fome mostrou ao mundo a violação das liberdades democráticas em Angola. "Caiu a máscara" do governo, diz Luaty Beirão, prometendo continuar a luta.
"Quando falou comigo na segunda-feira, ele já encarava essa possibilidade de terminar a greve de greve. Era mais do que provável. De certo modo, rendia-se aos apelos dos colegadas e nomeadamente o último, feito pela esposa, por causa da filha", declarou o advogado Luís Nascimento.
Seu objetivo imediato era denunciar o excesso da prisão preventiva, exigindo o direito de responder ao processo em liberdade, como prevê a lei angolana. A próxima audiência do julgamento está marcada para 16 de novembro.
Luaty Beirão, de origem portuguesa, nasceu em Luanda em 19 de novembro de 1981, filho da terceira geração de angolanos. Estudou engenharia na Inglaterra e economia na França. Em 2003, participou dos protestos contra a invasão do Iraque, despertando sua consciência política.
Aos 13 anos, começou a rabiscar as primeiras letras de música. Hoje é um hip-hopper e a consciência política de Angola, onde o mesmo partido, o Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA) está no poder desde a independência de Portugal, em 1975.
O embaixador angolano em Lisboa, Marcos Barrica, acusou Portugal de usar o caso Luaty Beirão para demonizar seu pai. Ele denunciou "uma campanh apara denegrir a imagem de Angola e abafar as conquistas alcançadas ao longo dos 40 anos de independência".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário