sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Quarteto pelo Diálogo na Tunísia ganha Prêmio Nobel da Paz 2015

O Quarteto pelo Diálogo Nacional na Tunísia ganhou hoje o Prêmio Nobel da Paz de 2015 por "sua contribuição decisiva para construir uma sociedade democrática e pluralista depois da Revolução de Jasmin, em 2011, anunciou de manhã em Oslo o comitê norueguês do Nobel.

Foi uma surpresa. Entre os favoritos, estavam a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, o papa Francisco e um padre da Eritreia.

O quarteto foi formado em 2013, quando o país corria o risco de uma guerra civil, por quatro organizações da sociedade civil: a Confederação da Indústria, do Comércio e do Artesanato, a Liga dos Direitos Humanos, a Ordem dos Advogados e o Sindicato Geral do Trabalho da Tunísia.

A Primavera Árabe começou na Tunísia, em 17 de dezembro de 2010, quando o estudante desempregado Mohamed Bouazizi tocou fogo em suas roupas em protesto contra a apreensão das frutas que vendia como ambulante. Sua morte, em 4 de janeiro de 2011, intensificou as manifestações.

Depois de perder o apoio do Exército, o ditador Zine el-Abidine ben Ali, que estava no poder há 23 anos, fugiu da Tunísia em 14 de janeiro de 2011, na chamada Revolução de Jasmin. Dois anos depois, os assassinatos de dois políticos e ativistas dos direitos humanos, atribuídos a extremistas muçulmanos, ameaçava provocar uma guerra civil.

Ao manter o diálogo, o quarteto "foi um instrumento que permitiu à Tunísia, em poucos anos, estabelecer um sistema de governo constitucional que garante os direitos fundamentais de toda a população, independentemente de sexo, convicções políticas ou crença religiosa", declarou o comitê do Prêmio Nobel da Paz, o único concedido pela Academia da Noruega.

"Essas organizações representam vários setores da sociedade civil tunisiana", acrescentou o comunicado. "O quarteto exerceu o papel de mediador para promover o desenvolvimento democrático e pacífico com grande autoridade moral."

Graças ao quarteto, a Tunísia foi o único país em que a Primavera Árabe levou à democracia. O Egito voltou a ser uma ditadura militar com o golpe de 3 de julho de 2013 contra a Irmandade Muçulmana e Mohamed Mursi, único presidente eleito democraticamente da história do país. A Líbia, a Síria e o Iêmen estão em guerra civil até hoje. No Bahrein, uma intervenção militar da Arábia Saudita sufocou a revolta popular.

Acima de tudo, "o prêmio tem a intenção de encorajar o povo da Tunísia, que apesar dos grandes desafios lançou a base para uma fraternidade nacional que o comitê espera que sirva de exemplo a ser seguido por outros países."

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