quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Banco central da China adota sistema de pagamentos padrão FMI

Em mais uma etapa para a internacionalização da moeda nacional, o Banco Popular da China (BPC) lançou hoje um sistema de pagamentos para o iuane de acordo com os padrões do Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciaram a agência oficial Nova China e o jornal britânico Financial Times.

O banco central chinês adotou os Padrões Especiais de Disseminação de Dados, um modelo estatístico criado pelo FMI para aumentar a transparência do sistema financeiro. A China já pediu ao Fundo para o iuane ser considerado moeda de reserva ou moeda forte.

Com sede em Xangai, a maior cidade do país, o Sistema de Pagamentos Internacionais da China vai oferecer serviços de compensação nacional e internacional a instituições financeiras de dentro e de fora do país.

Outro objetivo do regime comunista chinês seria evitar o risco de espionagem de agentes estrangeiros através do sistema de pagamentos Swift, sediado na Bélgica, sob a supervisão dos Estados Unidos e da União Europeia.

Em meados do mês passado, o BPC mandou instruções detalhadas a 19 bancos, sendo oito estrangeiros, anunciando o início do funciomento do novo sistema de pagamentos neste mês de outubro.

Desde o início das reformas de Deng Xiaoping, em 1978, a China adotou um modelo da crescimento baseado na exportação de produtos industriais a preços baixos que lhe rendeu altos saldos comerciais. O país acumulou reservas cambiais que chegaram a US$ 4 trilhões em junho de 2014.

Com a desaceleração da economia e a intervenção do governo para conter a queda nas bolsas de valores, onde gastou US$ 94 bilhões só em agosto, as reservas caíram para US$ 3,5 trilhões.

Quando os EUA passaram a imprimir dólares para enfrentar a crise, depois de baixar as taxas básicas de juros para praticamente zero, as empresas chinesas tomaram empréstimos baratos. De junho de 2014 a março de 2015, diminuíram a dívida de US$ 877 bilhões para US$ 730 bilhões na expectativa do reinício das altas de juros nos EUA, ainda têm muito a pagar.

A compra de dólares para honrar a dívida fortaleceu a moeda americana, levando à maior desvalorização do iuane em anos no último mês de agosto.

Durante a crise, o presidente do banco central chinês observou que o dólar precisa deixar de ser a moeda dominante do sistema financeiro internacional. A China não tem a ilusão de que consiga fazer isso em curto prazo.

Para o presidente Xi Jinping, a internacionalização do iuane é um passo importante para a ascensão da China à superpotência econômica, mas outros setores do regime comunista devem resistir. Exige uma série de reformas.

A China está deixando de ser uma economia movida por investimentos e exportações para se reorientar para o mercado interno. Será uma reestruturação dolorosa, com elevado risco político para o regime comunista, legitimado nas últimas décadas pelo crescimento econômico espetacular.

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